Uma incomum e trágica situação está intrigando as autoridades em Torres, Rio Grande do Sul. Exames recentes revelaram a presença de arsênio no sangue de algumas das vítimas que consumiram um bolo em um encontro familiar. A mulher que preparou o bolo, uma das sobreviventes, está hospitalizada e deve prestar depoimento assim que estiver em condições adequadas.

Atualmente, uma criança de apenas 10 anos também continua internada. Ambos os sobreviventes, segundo o último boletim médico, estão clinicamente estáveis, mas ainda sem a divulgação de seus nomes. A substância tóxica, arsênio, foi identificada no sangue de Neuza Denize Silva dos Anjos, Tatiana Denize Silva dos Anjos e Maida Berenice Flores da Silva, que tragicamente faleceram após a ingestão do bolo.

Investigação em Andamento

Na última sexta-feira (27), a polícia iniciou uma investigação mais intensa, visitando as residências de familiares em Canoas, Arroio do Sal e Torres. De acordo com os investigadores, todas as evidências indicam uma boa relação familiar, sem qualquer suspeita de disputas por herança que poderiam estar envolvidas nesta trágica ocorrência.

Os laudos periciais do bolo deverão ficar prontos na próxima semana. A expectativa é que esses laudos ajudem a esclarecer se o bolo foi contaminado intencionalmente ou se houve uma contaminação cruzada de alimentos.

O Perigo do Arsênio

O arsênio é uma substância altamente tóxica e, segundo o professor de Toxicologia, André Valle de Bairros, a quantidade mínima de 100 mg pode causar a morte em humanos. Esta substância é geralmente encontrada em forma de pó, sem cheiro ou gosto, o que torna sua detecção inicial ainda mais difícil. Embora tenha sido utilizado como raticida, o arsênio também é conhecido por seu uso em tratamentos contra leucemia, sob prescrição médica.

É importante ressaltar que o uso de arsênio como raticida é proibido no Brasil e qualquer outro uso é estritamente controlado.

A Tragédia Familiar

Os eventos se desenrolaram em uma segunda-feira (23), quando sete membros da mesma família se reuniram para um café da tarde. Somente um deles não consumiu o bolo. Após ingestão, todos começaram a apresentar sintomas graves. O que torna a situação ainda mais sombria é o fato de que a mulher que fez o bolo já havia perdido um ex-marido em setembro por uma suposta intoxicação alimentar, que não foi investigada na época.

Com a crescente pressão sobre as autoridades, um inquérito policial foi instaurado. A polícia não apenas está focando na investigação atual, mas também pediu a exumação do corpo do ex-marido da mulher que fez o bolo, o que poderia revelar mais detalhes sobre uma possível conexão entre esses casos.

A comunidade local está chocada e perplexa com o que aconteceu, e a expectativa é que as investigações tragam respostas para as muitas perguntas que surgem. Enquanto isso, as autoridades continuam monitorando a saúde dos sobreviventes e prestando suporte à família afetada por esta tragédia inesperada.