Em sua primeira coletiva de imprensa após a vitória nas eleições nos Estados Unidos, Donald Trump não economizou nas palavras ao criticar a mídia, a qual classificou como "quase tão corrupta quanto nossas eleições". Durante o evento, que aconteceu em sua luxuosa propriedade em Mar-a-Lago, na Flórida, o ex-presidente fez uma série de promessas audaciosas e disparou contra a cobertura da imprensa sobre sua administração.

Trump focou em sua visão de um futuro com impostos reduzidos, a revitalização da construção do muro na fronteira e o desejo de se reunir com os líderes da Rússia e da Ucrânia para buscar um cessar-fogo na guerra que começou com a invasão da Ucrânia em fevereiro de 2022. Sua declaração ressoou entre os jornalistas presentes: “Precisamos corrigir a imprensa. A imprensa é muito corrupta. Quase tão corrupta quanto nossas eleições.”

O republicano deixou claro que continuará a tomar medidas legais contra veículos de comunicação que ele considera injustos. Ele mencionou que planeja processar o Des Moines Register, em Iowa, por uma pesquisa eleitoral que ele acredita ter sido imprecisa, além de mirar no programa "60 Minutes" por informações que considerou incorretas.

Sobre a guerra na Ucrânia, Trump se comprometeu a buscar o fim do conflito, afirmando que dialogará tanto com o presidente Putin quanto com Zelensky: “Temos que parar isso, é uma carnificina.” Ele se recusou a informar se já havia se comunicado com Putin desde as eleições, mas reiterou a crença de que a Rússia não teria invadido a Ucrânia durante seu governo. Além disso, levantou a possibilidade de reverter a autorização dada pelo presidente Joe Biden que permite à Ucrânia usar mísseis americanos contra alvos na Rússia, descrevendo como “um grande erro.”

Com relação a sua equipe futura, Trump elogiou Pete Hegseth, seu indicado para secretário de Defesa, e Robert F. Kennedy Jr., seu escolhido para secretário de Saúde. Apesar das polêmicas que cercam ambos — Hegseth enfrentando acusações de comportamento inadequado e Kennedy questionado por suas teorias sobre vacinas — Trump demonstrou confiança em suas indicações.

Em um desvio inesperado, Trump também comentou sobre os avistamentos de drones em Nova Jersey e em outros locais, sugerindo que o governo tem conhecimento sobre o que está ocorrendo, mas não compartilha essa informação com o público. “Nossos militares sabem de onde eles decolaram. Se for uma garagem, eles podem entrar direto naquela garagem. Eles sabem de onde veio e para onde foi,” afirmou Trump, gerando mais perguntas do que respostas.

A coletiva de imprensa, que trouxe uma intensidade reminiscentes de seu primeiro mandato, também teve um tom de nostalgia, onde Trump refletiu sobre suas relações dentro do Partido Republicano. “No primeiro mandato, todo mundo estava brigando comigo. Neste, todo mundo quer ser meu amigo,” disse o ex-presidente, sugerindo que as dinâmicas políticas mudaram em seu favor.

O ressurgimento de Trump na cena política está carregado de promessas e polêmicas que certamente continuarão a capturar a atenção dos americanos e do mundo. As consequências de suas declarações e ações nas próximas semanas prometem agitar ainda mais o já tumultuado cenário político dos Estados Unidos.