'Um sonho interrompido': avô desabafa sobre a trágica morte de jovem baleado após pisar no pé de traficante
2025-01-05
Autor: Lucas
"Meu neto tinha tantos sonhos", desabafa Vagner Batista, avô de Kauan Galdino Florêncio Pereira, de apenas 18 anos, que foi baleado na cabeça durante um baile na comunidade São Simão, em Queimados, no último réveillon. O jovem, que estava preparado para iniciar o treinamento no Exército no dia 15 de janeiro, foi vítima de um crime brutal após pisar acidentalmente no pé de um traficante. Mesmo após ter pedido desculpas, Kauan foi alvejado à vista de todos, culminando em sua morte cerebral confirmada na noite de quinta-feira no Hospital Geral de Nova Iguaçu.
Kauan, que havia sido um apaixonado pelo futebol desde pequeno, jogava em clubes locais, incluindo o Clube Atlético Barra da Tijuca e tinha aspirações de se tornar goleiro profissional. O avô mencionou que ele também praticava esportes como vôlei de areia e corrida, sempre se mantendo ativo na academia. "Ele estava cheio de vida, cheio de sonhos", afirmou Vagner com lágrimas nos olhos.
O sepultamento de Kauan acontecerá neste domingo (5), no Cemitério Jardim Envida Rio, após uma carreata em homenagem. O velório ocorrerá das 14h às 16h, seguido pelo sepultamento na Estrada Francisco Antônio Russo, 5171, no bairro Sarandi.
Em um recente récitico, Kauan havia se batizado na igreja evangélica aos 15 anos. Ainda que afastado dos cultos, mantinha um vínculo especial com sua avó, missionária evangélica. Horas antes do trágico incidente, eles compartilharam um momento de oração e emoção, onde ambos se ajoelharam e choraram juntos. "Ele era muito família, tinha muito respeito", relembra o avô, emocionado pelo último gesto de amor compartilhado entre eles.
A perda de Kauan deixou a comunidade chocada, assim como sua família. O irmão mais novo, Caio, de 14 anos, mostrou-se devastado, pedindo um lanche e chorando ao dizer que se Kauan estivesse ali, estaria compartilhando aquele momento com ele. Kauan era o primeiro dos 24 netos da família, e sua ausência deixa um vazio profundo.
"Não questiono Deus, Ele sabe de tudo", disse o avô, reafirmando sua fé em meio à dor. Ele relembra com carinho as memórias e os momentos bons que Kauan deixou, e especialmente a decisão da família em doar os órgãos do jovem, que segundo o avô, "ele fez o bem para muitas pessoas e vai continuar vivendo em todos que receberão seus órgãos".
As investigações sobre o caso estão a cargo da 55ª DP (Queimados), e o autor do disparo foi identificado como um dos líderes do tráfico na região. Este episódio não é um caso isolado; reflete uma realidade avassaladora que muitas famílias enfrentam, inchado pela violência e pela falta de oportunidades, acendendo um alerta para a sociedade sobre a necessidade urgente de medidas eficazes para combater o tráfico e a violência nas comunidades.