Na segunda-feira (9), os candidatos à Universidade Estadual Paulista (Unesp) enfrentaram o segundo dia da prova da segunda fase do vestibular 2025, que inclui 12 questões discursivas de Linguagens e suas Tecnologias, além da redação. O tema da redação, "Medicalização da vida: a quem interessa?", trouxe à tona discussões sobre os excessos na medicalização, especialmente da infância, e as implicações disso para a sociedade.

Beatriz Lima Cadmo, de 18 anos e estudante da Escola Estadual Cecília Meireles, em São Carlos, declarou que o tema facilitou seu desenvolvimento. "Esse assunto é muito relevante o momento. Acredito que consegui construir uma argumentação sólida, relacionando o choro e o brincar das crianças com diagnósticos muitas vezes precipitados que atendem mais aos interesses da indústria farmacêutica", afirmou Beatriz.

A segunda fase do vestibular é dividida em dois dias. No primeiro dia, que ocorreu no domingo (8), os candidatos responderam a 24 questões nas áreas de Ciências Humanas e Sociais Aplicadas, Ciências da Natureza e suas Tecnologias e Matemática e suas Tecnologias, em 35 cidades em todo o Brasil, totalizando 64.834 inscritos no vestibular.

Além de discutir a questão da medicalização, os estudantes também mencionaram as dificuldades enfrentadas na preparação para o vestibular. Lídia Garibaldi e Guilherme Mendes, ambos com 18 anos e planos de cursar Zootecnia e Direito, respectivamente, consideraram a prova de linguagens mais acessível do que as matérias do dia anterior. "Foi bem mais fácil do que a prova de exatas, mas a pressão da falta de recursos e professores qualificados nas escolas públicas é bastante desafiadora", comentou Guilherme.

Entre os alunos, Maria Cláudia Trenton, Ana Júlia Bacana e Mariana Alexandres, que se preparam por meio do CUCA, o cursinho preparatório oferecido pela Unesp, também destacaram como dificultador o fato de serem a primeira geração em suas famílias a buscar um diploma universitário. "Para nós, cada ponto conta e a pressão é enorme", relatou Mariana.

Enquanto isso, Henrique Traldi, de 17 anos, que almeja uma vaga em Engenharia Mecânica, se mostrou confiante, mesmo achando o primeiro dia de provas mais fácil. "Estou determinado a conseguir, se não der agora, vou continuar tentando", disse ele.

Ainda sobre a primeira fase, foi registrado um índice de 10% de abstenção, um dado preocupante que reflete as incertezas que os estudantes enfrentam em meio a diversas crises sociais e financeiras.

Com um tema tão polêmico como a medicalização da vida, a redação da Unesp 2025 promete instigar debates e reflexões importantes sobre como a sociedade lida com a saúde e as expectativas sobre o comportamento humano.