A Experian, gigante global de gestão de informações, anunciou uma aquisição impactante: a compra da ClearSale por R$ 2,065 bilhões, retirando a renomada empresa de ferramentas antifraude da Bolsa apenas três anos após seu IPO. Essa transação, que estava em discussão há mais de um ano, representa um prêmio de 23,5% sobre o preço de tela das ações da ClearSale e foi um movimento ousado no cenário financeiro brasileiro.

Os acionistas da ClearSale terão valiosas opções: receber 100% do montante em dinheiro, 100% em BDRs da Experian, que serão criados, ou uma combinação de 95% em dinheiro e 5% em BDRs, além de um earnout de até R$ 1,25 por ação, baseado em metas contratuais, a ser pago em um período de até cinco anos. Esse earnout representa uma estratégia interessante para alinhar os interesses dos acionistas com o desempenho da empresa adquirente.

Se Pedro Chiamulera, fundador da ClearSale, optar por receber 100% em BDRs, ele se tornará o maior acionista pessoa física da Experian, que atualmente está avaliada em mais de US$ 35 bilhões na Bolsa de Londres, segundo especialistas do setor. Além disso, como parte do acordo, Chiamulera receberá R$ 100 milhões (R$ 20 milhões por ano) em troca de aceitar um acordo de não concorrência de cinco anos, além de um honorário por sua consultoria durante esse período, ajudando na integração das operações da ClearSale com a Experian.

Essa aquisição é vista como uma jogada altamente estratégica, pois a ClearSale complementa perfeitamente o portfólio da Experian no Brasil, onde a Serasa Experian domina com mais de 60% do mercado de análise de crédito. A ClearSale, por sua vez, já tem uma forte penetração em e-commerce, servindo 10 dos 10 maiores players do país, além de 7 das 10 principais instituições financeiras. O trabalho da ClearSale em analisar o comportamento do consumidor para prevenção de fraudes é fundamental, permitindo que os comerciantes identifiquem ações suspeitas, desde fraudes óbvias, como links falsos, até variações no comportamento de compra, como o uso de celulares diferentes.

Os principais acionistas da ClearSale incluem Chiamulera, com 35,3% do capital, e a gestora Innova Capital, de Verônica Serra, com 17%. O processo de venda teve o envolvimento do BTG Pactual e Itaú BBA, com assessoria jurídica do Stocche Forbes. Por outro lado, a Experian contou com a assessoria do Bank of America e o escritório Lefosse Advogados, enquanto Pedro Chiamulera teve o suporte do FM/Derraik.

Essa movimentação no mercado não é apenas um marco para a ClearSale, mas também para o setor de tecnologia e serviços financeiros no Brasil, que continua a se expandir e a se adaptar em um mundo digital em constante mudança. O que essa fusão significará para o futuro da avaliação de crédito e prevenção de fraudes no Brasil? Fique atento, pois impactos significativos podem estar a caminho!