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URGENTE: IPO da Moove é adiado devido a receios de investidores sobre o 'risco Brasil'

2024-10-09

Autor: Julia

A Cosan tomou a decisão de adiar o tão aguardado IPO da Moove na Bolsa de Valores de Nova York, após receber feedback de diversos fundos de investimento globais que hesitaram em aumentar sua exposição ao Brasil. Segundo fontes próximas ao assunto, a aversão ao risco foi impulsionada por preocupações sobre a instabilidade econômica e política no país.

Na semana passada, as reuniões com investidores foram consideradas promissoras, com o livro de ofertas apresentando uma cobertura superior a duas vezes, porém, predominantemente entre hedge funds. A expectativa era de que a transação fosse precificada na tarde de hoje, mas uma reviravolta surpreendente ocorreu.

Os conselhos de investimento dos fundos long-only, essenciais para garantir uma base sólida de acionistas e contribuir para a valorização das ações, decidiram vetar aumentos em sua exposição ao Brasil. Somente três dentre os cerca de 30 fundos que inicialmente demonstraram interesse confirmaram suas ordens.

Durante o roadshow, o câmbio volátil do Brasil foi um ponto frequentemente mencionado, trazendo à tona temores sobre o impacto que a flutuação cambial pode ter nos resultados financeiros da Moove. Atualmente, metade da receita da companhia e 66% do EBITDA ainda provêm da América do Sul, especialmente do Brasil, embora todo o crescimento projetado para os próximos anos deva vir de mercados desenvolvidos.

Esse revés no IPO surge em um contexto em que os próprios brasileiros expressam um crescente descontentamento com a insegurança jurídica e incertezas sobre a solidez do arcabouço fiscal do Governo Lula. A não realização do IPO deve acentuar o pessimismo no mercado financeiro de Faria Lima, onde as ações da bolsa permanecem estagnadas e os investidores enfrentam saques contínuos desde 2021.

É importante destacar que a Moove não estava em uma situação crítica de necessidade de capital. O IPO buscava levantar apenas US$ 100 milhões na parte primária, enquanto a maior fatia dos recursos, totalizando US$ 300 milhões, viria da oferta secundária, que visava proporcionar uma saída parcial ao CVC Capital Partners e à Cosan.

A faixa indicativa do IPO era de US$ 14,50 a US$ 17,50 por ação, o que resultaria em um múltiplo de 8x do EBITDA estimado da Moove para 2025. Vale lembrar que este valor representa um desconto de 25% em relação a empresas semelhantes globalmente, como a Fuchs e a Quaker Houghton.

Uma fonte envolvida no processo mencionou que poderiam tentar forçar a oferta a um preço abaixo da faixa esperada, mas isso comprometeria a qualidade da oferta, algo que a empresa não deseja. A expectativa é que a Moove retorne ao mercado em um futuro próximo.

O objetivo inicial da Moove era estrear na Bolsa de Nova York com uma capitalização de mercado de R$ 10 bilhões, posicionando-se no meio da faixa indicativa. A Cosan detém 70% do capital, enquanto os 30% restantes são de propriedade do CVC Capital Partners.

Os coordenadores globais do IPO incluíam instituições renomadas como JP Morgan, Bank of America e Citi, além de Itaú BBA, BTG Pactual e Santander, com Goldman Sachs, Jefferies e Morgan Stanley também fazendo parte do sindicato.