Natura&Co será incorporada à Natura Cosméticos

A Natura acaba de fazer um anúncio impactante para o mercado: a sua holding não operacional, Natura&Co, será incorporada à Natura Cosméticos. Este movimento visa simplificar as operações da empresa, gerando ganhos de eficiência e permitindo que a companhia retorne ao pagamento de dividendos aos acionistas.

Mudanças na alta liderança da Natura

Além da incorporação, mudanças significativas na governança da empresa foram reveladas. Fábio Barbosa, atual CEO da Natura&Co, deixará suas funções operacionais e assumirá a presidência do conselho, anteriormente liderado pelos fundadores Guilherme Leal, Pedro Passos e António Seabra, que possuem juntos 38,4% da empresa.

João Paulo Ferreira, que já ocupava a posição de CEO da Natura Cosméticos, agora será o CEO de toda a companhia, além de também assumir um assento no conselho. Esta mudança reflete uma tentativa de unificar as lideranças e facilitar o processo de decisão.

Novos desafios e mudanças no CFO

Uma novidade notável é que Guilherme Castellan, o CFO que deixará a empresa, decidiu permanecer em Londres, tornando inviável sua continuidade devido à extinção da holding. Ele se mudará para uma função executiva em uma empresa fora do Brasil. Por outro lado, Silvia Vilas Boas, atual CFO Latam da Natura Cosméticos, será promovida a CFO de toda a companhia.

Expectativas e resultados financeiros

Barbosa, em entrevista ao Brazil Journal, destacou que a incorporação da holding trará 'sérias economias' de custos, embora não tenha especificado quanto. Nos últimos anos, as despesas da holding não operacional já caíram drasticamente, passando de R$ 559 milhões em 2021 para R$ 240 milhões no ano passado, com uma previsão de queda abaixo de R$ 200 milhões em 2023.

Ele também mencionou que essa redução adicional é esperada como consequência da simplificação das operações, afirmando que a Natura será uma empresa 'mais fácil de lidar' e que esse processo permitirá a criação de reservas de lucro para o pagamento de dividendos.

Resultados do quarto trimestre e vendas na Argentina

Recentemente, a Natura reportou um resultado do quarto trimestre que surpreendeu negativamente o mercado, ocasionando uma queda de quase 30% no valor das ações da empresa. A queda na margem bruta da companhia, após sete trimestres consecutivos de melhora, gerou muitas especulações. Apesar das explicações fornecidas, analistas ainda sentem falta de clareza, especialmente em relação à operação na Argentina.

João Paulo Ferreira afirmou que a queda na margem é apenas uma 'anomalia' e que as tendências de longo prazo continuam positivas. Ele reafirmou o compromisso da Natura em expandir a rentabilidade e crescimento nos próximos anos.

Integração da Avon Latam e o futuro da empresa

Com relação à integração da Avon Latam, que é um ponto crucial para a recuperação da empresa, João Paulo confirmou que a 'onda 2' da integração já foi completada no Brasil, faltando apenas ajustes na Argentina e no México, o que deve ser finalizado até o final deste ano.

Barbosa também está otimista em relação à redução da alavancagem da empresa, que diminuiu de 7x EBITDA em 2021 para apenas 1x atualmente. Entretanto, a lideração da Avon International ainda representa um desafio. A Natura está em negociações para transferir a operação, que, segundo analistas, vem enfrentando dificuldades financeiras nos últimos anos, queimando mais de US$ 100 milhões em caixa no último ano.

Atenção dos investidores e valor de mercado

Os investidores devem estar atentos às próximas movimentações da Natura, pois um fechamento total da Avon Internacional poderia custar até US$ 200 milhões, uma soma significativa que afetaria diretamente o caixa da empresa.

Atualmente, a Natura possui um valor de mercado de R$ 13,4 bilhões na B3, com suas ações desvalorizadas em 46% nos últimos 12 meses. A nova estrutura organizacional poderá ser um passo decisivo para a recuperação da companhia, mas os desafios continuam presentes. Fiquem ligados para mais atualizações sobre essa reestruturação audaciosa!