USINA NUCLEAR DE ANGRA 2 VAI PRODUZIR REMÉDIOS CONTRA O CÂNCER! ENTENDA COMO!
2024-11-27
Autor: Pedro
A usina nuclear de Angra 2, localizada no estado do Rio de Janeiro, está prestes a se transformar em um importante jogador na luta contra o câncer no Brasil. Nesta quinta-feira (28), será assinado um memorando de cooperação entre a Sociedade Brasileira de Medicina Nuclear e a Eletronuclear, empresa responsável pela construção e operação de usinas nucleares no país. O objetivo? Avaliar a possibilidade da usina produzir radiofármacos, isótopos radioativos essenciais para identificação e tratamento de várias doenças, especialmente câncer.
Angra 2, com uma capacidade instalada de 1.350 MW, já é capaz de atender o consumo de uma cidade com 4 milhões de habitantes. Agora, a usina se prepara para uma nova função no setor de saúde, aproveitando a tecnologia do seu reator para desenvolver medicamentos que podem salvar vidas.
Segundo o presidente da Eletronuclear, Raul Lycurgo, atualmente muitos dos radiofármacos utilizados no Brasil são importados. "Queremos produzir aqui para reduzir os custos e melhorar o atendimento no mercado interno na luta contra o câncer", disse. No entanto, atualmente o Brasil conta com uma produção interna limitada, principalmente através da Comissão Nacional de Energia Nuclear (CNEN) e do Instituto de Pesquisas Energéticas e Nucleares (IPEN) em São Paulo.
Entre os radiofármacos mais conhecidos estão o Tecnécio 99, que é utilizado em aproximadamente 80% dos diagnósticos de tumores, além do Iodo-123 e o Iodo-131, usados em doenças da tireoide e hipertireoidismo. Mas a grande expectativa está voltada para o Lutécio 177, um medicamento especialmente importante no tratamento do câncer de próstata, que é o segundo mais comum entre os homens, perdendo apenas para o câncer de pele.
A produção nacional deste medicamento pode ser uma virada de jogo: uma única dose do Lutécio 177 importado pode custar em média R$ 30 mil. Se Angra 2 conseguir se estabelecer como uma fonte de produção nacional, isso pode aumentar a oferta, reduzir os preços e ampliar o acesso da população a esse tratamento vital, conforme explicou Lycurgo.
O oncologista Diogo Assed Bastos, membro da Sociedade Brasileira de Oncologia Clínica (SBOC), destaca que a fabricação local de medicamentos pode tornar os tratamentos mais acessíveis. No entanto, com o avanço das tecnologias médicas e a introdução de tratamentos mais eficazes, mas também mais caros, o Sistema Único de Saúde (SUS) enfrenta o desafio de incluir esses novos medicamentos em seus tratamentos, que muitas vezes têm preços exorbitantes.
O que torna Angra 2 uma candidata ideal para essa nova missão é seu sistema avançado de medição de fluxo neutro. Durante a produção do Lutécio 177, pequenas esferas carregadas com Itérbio 176 são injetadas no reator, onde, ao serem expostas ao fluxo de nêutrons, se transformam no medicamento desejado. Esse processo já foi testado com sucesso em usinas na Romênia e no Canadá.
O projeto de cooperação, que deve durar cinco anos, inclui a identificação de ajustes necessários na usina para a produção dos radiofármacos e o mapeamento do mercado consumidor local.
Além de investir na produção de medicamentos como o Lutécio 177, especialistas afirmam que é crucial focar na prevenção e diagnóstico precoce do câncer. Isso ajudaria a evitar que os pacientes avancem para estágios mais graves da doença, onde os tratamentos são mais caros e complicados.
O oncologista Diogo Assed Bastos ressalta a importância de equilibrar a oferta de tratamentos eficazes para quem já apresenta diagnósticos tardios. Esse equilíbrio é vital para que o Brasil melhore o combate ao câncer e ofereça mais esperança aos pacientes.