Varejo Brasileiro em Alta: Expectativa de Vendas de Natal Mesmo com Dólar e Juros Elevados
2024-12-16
Autor: Lucas
O setor varejista brasileiro está otimista quanto às vendas para o Natal deste ano, mesmo diante de um cenário desafiador com juros altos e dólar elevado. Segundo a FecomércioSP, o varejo de São Paulo projeta um crescimento de até 5% nas vendas em comparação com 2023. Essa expectativa positiva é impulsionada pelo pagamento do 13º salário, a estabilidade da inflação e um mercado de trabalho aquecido.
As receitas do comércio no estado de São Paulo devem totalizar R$ 139,4 bilhões em dezembro, marcando um crescimento entre 3% e 5% em relação ao ano anterior. Supermercados lideram esse crescimento, com uma alta esperada de 9%, seguidos por concessionárias de veículos, que podem ter um aumento de 20%, e farmácias, com uma previsão de 11%.
Fábio Pina, economista da FecomércioSP, atribui o otimismo a um aumento na renda disponível e na expansão do crédito, o que melhora a capacidade de consumo das famílias. "Os efeitos das taxas de juros e do dólar ainda não impactaram completamente o consumidor. Muitas empresas e varejistas já haviam feito contratos antes das oscilações de preços", explica Pina.
Ele acrescenta que o crescimento do número de trabalhadores com carteira assinada também contribui para esse cenário. "Com mais empregos sendo criados, o impacto do 13º salário na decisão de compra se torna ainda mais relevante."
No entanto, os preços de produtos importados ainda geram preocupação. Roberto Kanter, da Fundação Getulio Vargas (FGV), aponta que empresas que não anteciparam compras já enfrentam custos maiores, que serão repassados ao consumidor. "Produtos como eletrônicos e alimentos importados estarão mais caros, enquanto aqueles que aproveitaram a Black Friday para realizar suas importações obtiveram vantagens competitivas."
Na cidade de São Paulo, o comércio estima movimentar R$ 43,2 bilhões, aumentando em 7,7% e destacando o crescimento em eletrodomésticos e eletrônicos, que devem crescer 27% impulsionados por inovações tecnológicas e pela sazonalidade do Natal.
Os centros de compras tradicionais, como o Brás e a 25 de Março, também esperam um desempenho positivo. Lauro Pimenta, vice-presidente da Alobras, destaca que a variedade de público ajudou a impulsionar as vendas de eletrônicos, uma novidade nesta época. "Esperamos um aumento de 10% nas vendas, impulsionado pela nova demanda e pela competitividade dos preços, especialmente no setor têxtil, mesmo com o dólar alto", explica.
A Univinco, que representa os lojistas da rua 25 de Março, projeta um aumento de 6% nas vendas no comércio popular da região, com ênfase em itens de decoração natalina que já estão se esgotando. "A estabilização da economia trouxe mais confiança ao consumidor, e isso reflete no crescimento das vendas", avalia.
Os shopping centers também veem o Natal como uma oportunidade para recuperação. Conforme a Abrasce, 97% dos empreendimentos esperam crescimento nas vendas, com uma média de 6,9%, totalizando R$ 6,02 bilhões. Melhorias nas estratégias de promoção e aumento do horário de funcionamento são investimentos que os shoppings estão fazendo para atrair mais clientes, prevendo um fluxo 6% maior que o do ano passado.
O ticket médio deve atingir R$ 217,34, com categorias de vestuário (88%), cosméticos (80%) e calçados (70%) liderando as intenções de compra. "O Natal é a principal época do ano para o varejo em shopping centers. Estamos confiantes de que a diversidade de produtos e as experiências únicas continuarão atraindo os consumidores", diz Glauco Humai, presidente da Abrasce.
Segundo uma pesquisa realizada pela ACSP, 46,6% dos brasileiros têm a intenção de presentear neste Natal, representando um aumento em relação ao ano anterior. Dentre os consumidores, 35,2% planejam gastar entre R$ 50 e R$ 600, demonstrando um aumento na renda e a recuperação do emprego como fatores motivadores desse otimismo.
Além disso, 80,7% dos entrevistados não anteciparam seus gastos durante a Black Friday, sinalizando um potencial enorme para as vendas em dezembro. "O consumidor voltou a confiar no comércio, resultado de uma economia mais ajustada", afirma Marcel Solimeo, economista da ACSP.
Os itens mais procurados pelos consumidores incluem roupas, calçados e acessórios, que juntos representam 42,4% das intenções de compra. Brinquedos, enfeites e alimentos para a ceia também estão entre os itens destacados, alcançando 77,3%. Eletrônicos, como celulares e notebooks, e eletrodomésticos, como TVs e micro-ondas, tiveram um aumento na intenção de compra em relação ao ano anterior (5,4% e 17%, respectivamente). Contudo, a taxa de juros elevada pode reduzir a disposição consumista, especialmente em relação a financiamentos.
Em suma, o cenário é misto, mas o otimismo do varejo se destaca em meio às adversidades, prometendo um Natal movimentado e repleto de compras!