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Vaticano mantém restrições à ordenação de padres gays: descubra a verdade sobre o documento da 'CNBB italiana'

2025-01-12

Autor: Ana

Confusão na imprensa brasileira

A confusão tomou conta da imprensa brasileira na última sexta-feira (10), após a má interpretação de um documento da Conferência Episcopal Italiana (CEI) sobre a ordenação de padres na Igreja Católica. A publicação do documento "Orientações e Normas para os Seminários" levou alguns veículos de comunicação a afirmar que a CEI teria 'aberto os seminários para gays', desde que se abstenham de relações sexuais. Essa informação foi disseminada até mesmo por alguns jornais brasileiros, que erroneamente atribuíram essa mudança ao Vaticano. No entanto, a realidade é bem diferente: o documento reafirma orientações que já fazem parte do magistério da Igreja, inclusive durante o pontificado de Papa Francisco.

O conteúdo do documento

O documento em questão, "Orientações e Normas para os Seminários", foi aprovado em novembro de 2023 e, posteriormente, promulgado pelo presidente da CEI, cardeal Matteo Zuppi, no início de janeiro de 2024. Os rumores surgiram principalmente a partir do item 44, que trata do 'itinerário formativo' dos seminaristas. Uma transcrição desse trecho revela que: "Em relação às pessoas com tendências homossexuais que se aproximam dos seminários, a Igreja, embora respeitando profundamente as pessoas em questão, não admite no seminário e nas Ordens Sagradas aqueles que praticam a homossexualidade ou apoiam a chamada cultura gay, considerando que isso constitui um grave obstáculo a um correto relacionamento."

Enfoque na castidade

O documento também enfatiza que o processo formativo deve levar em conta a totalidade da personalidade do candidato, reforçando que o objetivo é desenvolver a capacidade de viver a castidade no celibato como um dom. A castidade deve ser vista como a liberdade de posse em todas as esferas da vida, e um amor verdadeiramente casto é aquele que não busca a possessão.

Delimitação clara

Portanto, a delimitação feita no documento é clara: não existem distinções entre homossexuais celibatários e os que mantêm relações sexuais. Ambas as categorias são repudiadas para a ordenação. O CEI reitera que pessoas com "tendências homossexuais profundamente radicadas" não podem ser admitidas nos seminários, independentemente de suas práticas sexuais. Essa linha de raciocínio está fundamentada em diretrizes que remontam a documentos anteriores da Igreja, como "O Dom da Vocação Presbiteral", que já abordava o tema na era da antiga Congregação para o Clero e contou com a aprovação do Papa Francisco.

A questão polêmica

Além disso, o artigo também menciona que, embora não se deva reduzir o discernimento sobre os candidatos exclusivamente às suas orientações sexuais, a presença de tendências homossexuais não pode ser desconsiderada na avaliação dos mesmos. Portanto, a ideia de aceitação de candidatos homossexuais ao sacerdócio ainda permanece uma questão polêmica e delicada dentro da Igreja.

Conclusão

Assim, a confusão gerada pela interpretação do documento ilustra como informações tendenciosas podem alterar a percepção pública sobre temas religiosos. A realidade é que a Igreja Católica continua a ser resistente em relação à ordenação de padres homossexuais, estabelecendo critérios rigorosos para a formação e admissibilidade nos seminários. O debate sobre a inclusão e aceitação ainda persiste, mas as diretrizes atuais reforçam a posição conservadora da instituição.