Ciência

Vencedor do Nobel de Medicina fala sobre a importância da ciência e visita Brasília

2024-11-27

Autor: Mariana

Randy Schekman, laureado com o Prêmio Nobel de Medicina e Fisiologia em 2013, esteve recentemente em Brasília e concedeu uma entrevista exclusiva ao Correio. Durante a conversa, ele discutiu os avanços significativos de sua pesquisa sobre o mecanismo de regulagem do transporte de vesículas, um feito que mudou a compreensão de várias doenças, incluindo tétano e diabetes, além de contribuir para tratamentos mais eficazes no combate ao câncer. Schekman destacou que seu trabalho não apenas revelou a complexidade dos processos celulares, mas também levou a avanços na biotecnologia, como a produção de insulina em leveduras, evitando assim as reações alérgicas causadas pela insulina animal.

A palestra que ele ministrou, intitulada "O papel dos genes, das células e da ciência básica nas descobertas e nas doenças", focou principalmente na importância da pesquisa básica e suas aplicações práticas. Ele mencionou que, desde a época em que recebeu o Nobel, muitos novos genes foram identificados e que a química e a biologia continuam a evoluir rapidamente, com novas descobertas sendo feitas em resposta a perguntas clínicas.

Durante a entrevista, Schekman falou sobre sua preocupação com as doenças neurodegenerativas, em especial o Parkinson, e como alguns genes que ele identificou estão relacionados com mutações observadas nesses pacientes. Isso o motivou, em parte, a se envolver mais profundamente nessa área após a perda de sua esposa para a doença. Notavelmente, ele enfatizou que, mesmo que a pesquisa não leve imediatamente a curas, ela é crucial para entender os mecanismos subjacentes das doenças e para o desenvolvimento de futuros tratamentos.

Além disso, Schekman evidenciou o impacto positivo da publicação em acesso aberto, que aumentou o acesso de clínicos e pesquisadores a informações científicas essenciais. No entanto, ele também criticou a forma como as editoras científicas ainda lucram com as taxas que cobram dos autores para publicações, o que, segundo ele, precisa ser abordado pelos governos.

Ao falar sobre o futuro da biologia celular e molecular, Schekman destacou o papel revolucionário que a inteligência artificial já está desempenhando, especialmente em prever a estrutura de proteínas, uma tarefa que antes era extremamente trabalhosa. As pesquisas atuais usando IA já levaram a descobertas importantes, aumentando nossa capacidade de desenvolver terapias mais eficazes.

Schekman finalizou sua visita a Brasília com um conselho para os jovens pesquisadores brasileiros: a prática em laboratório é essencial para o aprendizado científico. A verdadeira ciência, segundo ele, envolve quebras de paradigma e a aceitação de fracassos como parte do processo de descoberta. "A cada avanço, uma nova revelação, e é isso que torna a ciência tão gratificante", afirmou ele. Com seu entusiasmo e compromisso inabalável em promover a ciência, Schekman continua a inspirar a nova geração de cientistas.