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Venezuela reduz jornada de trabalho para 13,5 horas semanais devido à grave crise energética

2025-03-29

Autor: Julia

O regime de Nicolás Maduro fez um anúncio surpreendente nesta semana: a redução da jornada de trabalho do serviço público de 40 horas para apenas 13,5 horas semanais. Implementada a partir de segunda-feira (24), essa medida determina que os funcionários públicos trabalhem apenas três dias por semana, das 8h às 12h30, e está programada para durar seis semanas, podendo ser renovada.

A crise energética que assola o país há anos leva o governo a atribuir a situação à emergência climática, mas muitos especialistas divergem dessa narrativa. Maduro defende que a diminuição da carga horária é essencial para garantir alguma estabilidade no sistema elétrico, que tem enfrentado sérios desafios.

A Venezuela enfrenta uma grave escassez de energia, exacerbada pela seca que atingiu o reservatório de Guri, que é fundamental para a geração elétrica nacional. Esta não é a primeira vez que o governo recorre a medidas paliativas como essas para lidar com apagões frequentes. Ao longo dos últimos 20 anos, o país já atravessou várias crises no setor elétrico, sendo um dos momentos mais críticos em 2019, quando um apagão massivo deixou 80% da população no escuro por dias.

Embora o governo mencione fatores climáticos e até mesmo sabotagens como causa da crise, a opinião de especialistas destaca que a verdadeira raiz do problema está na combinação de negligência, corrupção e falta de investimentos ao longo das décadas. O sistema hidrelétrico, especificamente a usina Simón Bolívar, encontra-se em níveis críticos de água, intensificados pela seca que perdura.

Importante ressaltar que a medida de racionamento e a redução da jornada de trabalho não afetam professores, que já enfrentam uma realidade dura devido ao êxodo de mais de 70% da categoria do país. A escassez de energia, no entanto, impacta gravemente a vida cotidiana da população, resultando em apagões que podem durar até quatro horas por dia em cidades do interior.

Um cenário similar já havia sido testado em 2019, mas falhou em mitigar os apagões e, ao contrário, piorou a qualidade de vida da população. A situação só se agrava, uma vez que a crise econômica também é acentuada pelas sanções internacionais. As tarifas que o governo dos Estados Unidos, durante a administração de Donald Trump, impôs sobre países que comercializam petróleo com a Venezuela contribuíram para a desvalorização do bolívar, a moeda local, em níveis alarmantes. Multinacionais como a Chevron já anunciaram sua saída do país, intensificando o isolamento do regime chavista.

Com a população lutando para sobreviver em meio aos desafios, uma pergunta persiste: até quando o povo venezuelano suportará essa crise sem fim?