A Venezuela anunciou oficialmente a ruptura das relações diplomáticas com o Paraguai após o presidente Santiago Peña afirmar publicamente seu apoio a Edmundo González, líder opositor do governo de Nicolás Maduro. Este incidente tenso foi confirmado em um comunicado oficial do governo venezuelano na última segunda-feira (6).

No dia anterior, em um post em rede social, Peña relatou uma conversa virtual recente com González e a proeminente líder da oposição, María Corina Machado. Durante essa discussão, Peña enfatizou a importância da união dos países sul-americanos em defesa da democracia e do respeito à vontade popular, em oposição a regimes autoritários.

Peña ainda destacou que a vitória de González como presidente foi confirmada por análises independentes de observadores internacionais durante as eleições presidenciais de julho de 2024, onde, segundo a oposição, ele teria ganhado com uma ampla margem sobre Maduro.

Em resposta ao apoio do Paraguai a González, o governo venezuelano declarou que todos os diplomatas paraguaios presentes no país seriam expulsos. O Paraguai, por sua vez, retaliou exigindo que todos os diplomatas venezuelanos deixassem seu território em até 48 horas.

A oposição venezuelana continua a alegar que os resultados das eleições foram manipulados pelo governo de Maduro, que, segundo eles, não forneceu transparência suficiente, limitando-se a divulgar apenas porcentagens de votos. Observadores internacionais notaram graves irregularidades durante o processo eleitoral, questionando sua legitimidade.

Nicolás Maduro está programado para ser empossado em um terceiro mandato no dia 10 de janeiro. Entretanto, países como os Estados Unidos já manifestaram a intenção de reconhecer a liderança de González. Desde setembro, o opositor vive no exílio, mas recentemente viajou por diversos países da América Latina, incluindo Estados Unidos, Argentina e Uruguai, afirmando que planeja retornar à Venezuela para ser empossado.

Como parte do esforço para capturar González, as autoridades venezuelanas emitiram um mandado de prisão contra ele, oferecendo uma recompensa de US$ 100 mil por informações que levem à sua localização.

A crescente tensão entre a Venezuela e o Paraguai reflete uma profunda divisão política na América do Sul, que tem visto um ressurgimento das disputas entre regimes autoritários e democráticos. A situação está se tornando um ponto focal de preocupação regional, com o futuro político de González e a estabilidade na Venezuela em jogo.