Vereadoras de Curitiba enfrentam ataque misógino por roupas na cerimônia de posse e rebatem: 'Desrespeita a dignidade e o papel institucional'
2025-01-03
Autor: Gabriel
A cerimônia de posse das vereadoras de Curitiba, realizada na última quarta-feira (1º), tornou-se alvo de um ataque misógino devido às roupas que as parlamentares escolheram para a ocasião.
Um portal de notícias, conhecido como Blog do Tupan, publicou uma matéria sugerindo que as vereadoras "resolveram sexualizar com decotes provocantes". O site complementou sua reportagem com fotos das vereadoras assinando o termo de posse, o que apenas intensificou a polêmica.
Em resposta, as parlamentares emitiram uma nota conjunta pela Câmara Municipal, onde afirmaram que o conteúdo da publicação "desrespeita a dignidade, a honra e o papel institucional das vereadoras". Na nota, as vereadoras ressaltaram: "O teor do texto é inaceitável e reforça estereótipos que minimizam a atuação política das mulheres, reduzindo-as a aspectos físicos e tentando desviar o foco de sua competência e compromisso com a sociedade. Esse tipo de abordagem, além de ofensiva, vai contra os princípios constitucionais de igualdade, dignidade e respeito, fundamentais em uma democracia."
Vale destacar que, neste novo ciclo da Câmara Municipal, Curitiba conta com a maior bancada feminina da sua história, composta por 12 mulheres, incluindo Amália Tortato (Novo), Andressa Bianchessi (União), Camilla Gonda (PSB) e outras parlamentares que têm se destacado na luta por igualdade de gênero e direitos das mulheres.
A vereadora Laís Leão (PDT) foi uma das vozes que se levantou nas redes sociais, chamando a situação de violência política de gênero. Desde 2021, a legislação brasileira considera crimes de gênero ações que impeçam ou menospreciem a participação política das mulheres, sujeitando os infratores a penas de um a quatro anos de prisão e multas.
"Esse episódio deplorável demonstra o quanto ainda precisamos lutar para garantir um ambiente político igualitário e respeitoso. Nossa resposta é firme: não haverá tolerância com retrocessos ou comportamentos que perpetuem o machismo e a misoginia", declarou Laís.
Camilla Gonda também se manifestou, lamentando a forma como as atuações das parlamentares foram reduzidas a suas aparências físicas, enfatizando que o foco deve ser em suas competências e propostas.
Indiara Barbosa (Novo) corroborou com a indignação, mencionando a importância histórica do momento em que 12 mulheres foram eleitas para o cargo: "Em um momento como este, ver a imagem da mulher associada a conotações sexuais é lamentável. Precisamos continuar enfrentando essa realidade."
Essa situação ressalta não apenas a luta contínua por igualdade de gênero na política, mas também a necessidade de uma mudança no discurso e na percepção da sociedade sobre o papel das mulheres na política. Afinal, a verdadeira força está na sua capacidade de liderar e fazer a diferença, não na sua aparência.
A temática da misoginia e discriminação política se torna cada vez mais relevante, levantando discussões sobre como a sociedade pode melhorar a representação e o respeito às mulheres em posições de poder.