
Vinis batem recordes de vendas e reedições luxuosas conquistam o mercado
2025-03-30
Autor: Ana
Por diversas vezes, os discos de vinil foram considerados obsoletos, praticamente enterrados pela ascensão dos formatos digitais e das plataformas de streaming. Nos anos 90, quando os CDs se tornaram populares, os antigos LPs eram vistos como relíquias do passado. Contudo, surpreendentemente, o que parecia um fim definitivo tornou-se um fenômeno de ressurreição. O renascimento dos vinis é impulsionado, em grande parte, pelo saudosismo dos mais velhos e pela curiosidade dos jovens, especialmente dos adeptos da cultura hipster, que buscam desfrutar da experiência tátil de ouvir música em vinil, com capas recheadas de arte e detalhes.
Estatísticas recentes mostram que o mercado vinílico é um dos principais responsáveis pelo crescimento das vendas de música física no Brasil. De acordo com o relatório Mercado Brasileiro de Música, as vendas de mídias físicas cresceram 31,5% em 2024, com os vinis representando impressionantes 76,7% desse faturamento. Em 2023, os discos de vinil já tinham superado os CDs como maior fonte de receita em mídias físicas, sinalizando que os consumidores estão dispostos a gastar mais para adquirir cópias físicas do trabalho de seus artistas favoritos. O Brasil, por sinal, é o nono maior mercado de música do mundo, com uma movimentação de R$ 3,08 bilhões no ano passado.
Para atender a essa demanda crescente, a indústria tem se mostrado bastante inovadora. Uma das estratégias que vem ganhando destaque são as reedições luxuosas de álbuns clássicos. Essas edições especiais frequentemente incluem LPs coloridos, transparentes ou com estampas exclusivas (os chamados picture discs). Além disso, muitas vezes, essas reedições vêm acompanhadas de memorabilia, como bilhetes de shows e artes exclusivas, criando uma experiência única para os colecionadores. Os preços dessas edições podem ser exorbitantes, como o próximo lançamento de Adele comemorando sua residência em Las Vegas, que deve custar cerca de R$ 2.000, ou a edição completa de 'Mind Games' de John Lennon, avaliada em aproximadamente R$ 15.000.
Apesar do sucesso, a volta do vinil trouxe desafios para a indústria, que precisa se adaptar rapidamente às novas demandas. No Brasil, muitas fábricas de vinil fecharam entre o final da década de 90 e o início dos anos 2000, e quando a Polysom reabriu em 2009, tornou-se a única fábrica em operação na América Latina, começando a produzir reedições de clássicos. Muita dessa revitalização foi catalisada pelo fenômeno de vendas da cantora Taylor Swift, que ajudou a popularizar a prensagem no formato tradicional.
Entre os apreciadores, há quem valorize o som original dos LPs, que oferecem uma experiência auditiva mais rica e profunda em comparação com as produções digitais. No entanto, é importante ressaltar que os discos exigem cuidados especiais, são mais caros e demandam equipamentos de som adequados para desfrutar de sua verdadeira qualidade. Se por um lado é um retorno nostálgico, por outro, é uma verdadeira revolução no consumo musical que promete continuar crescendo.
A força do mercado de vinil é inegável, o que nos faz perguntar: estamos mesmo vivendo a segunda onda do vinil? E qual será o próximo passo para essa emocionante revolução musical?