Virose em Guarujá: Como o álcool e receitas caseiras se tornaram a nova defesa nas praias
2025-01-12
Autor: Gabriel
Em um alerta crescente, a Secretaria de Saúde de São Paulo confirmou no dia 8 de janeiro a presença do norovírus em fezes humanas coletadas em Guarujá e Praia Grande. As investigações estão em andamento para descobrir a fonte da contaminação, embora o abastecimento de água tenha sido inicialmente considerado, mas a Sabesp negou essa hipótese.
Essa situação é alarmante, uma vez que o norovírus, conhecido por causar gastroenterite aguda, é altamente contagioso e pode ser transmitido por alimentos e água contaminados. O aumento da preocupação nas praias é palpável: famílias estão adotando medidas severas de precaução.
Maria Helena, uma dona de casa, foi à praia de Pitangueiras com a família, levando saladas e frios de casa, além de álcool em gel para higienização. "Seguindo a orientação do meu marido, que é médico, decidimos que não vamos consumir nada na praia, apenas o que trouxemos," explicou, reforçando a preocupação com a saúde.
Na mesma linha, Priscila Cavalcanti, de 42 anos, e sua família, preferiram evitar os quiosques e optaram por produtos de marcas conhecidas, além de comprarem gelo embalado. "Preferimos ter certeza da qualidade do que estamos consumindo. O movimento de venda de gelo aumentou consideravelmente, com caminhões oferecendo sacos de 5 quilos por até R$ 15," relatou a mulher.
A empresária Ana Paula Canonici, de 49 anos, também se preparou adequadamente para o fim de semana no litoral. Trouxe água mineral lacrada e evitou o contato com água do mar. "Preparar uma torta de frango é a nossa forma de garantir que, pelo menos, a comida que vamos consumir será segura," afirmou.
Infelizmente, o clima que normalmente atrai turistas para Guarujá nesta época do ano foi substituído por um cenário de desconfiança e receio. Os comerciantes relatam uma queda no movimento: Ulisses Mangueira, dono de um restaurante, revelou que a frequência caiu cerca de 25% e os negócios enfrentaram uma baixa de 35% em faturamento. "Era para estarmos cheios, mas a combinação de viroses e assaltos está desmotivando as pessoas a virem até aqui," analisou.
Andrea Moreira, comerciante de Pitangueiras, também fez eco às queixas. "A movimentação está parecendo mais com novembro do que com o início do ano. O céu está claro e não há chuvas, mas os clientes estão em falta. Esta nova virose está afastando todo mundo, as pessoas estão com medo", completou.
Além disso, a Federação de Hotéis, Restaurantes e Bares do Estado de São Paulo (Fhoresp) estimou que 19% das reservas foram canceladas devido ao surto de virose. O diretor-executivo da Fhoresp caracterizou o momento como um "apagão" no setor de turismo, claro reflexo da situação crítica atual.
Em um fim de semana típico, as emergências da UPA Rodoviária de Guarujá estariam lotadas, mas, em contraste, o movimento durante a crise de saúde observou um tempo de espera reduzido, sugerindo que as pessoas estão evitando até as consultas médicas por medo de contágio.
Enquanto a Prefeitura de Guarujá garante que os casos de virose nas unidades de saúde estão sob controle, a sensação de insegurança e a busca por segurança alimentar permanecem no ar, fazendo com que muitos voltem seus olhares para práticas de precaução e limpeza que se assemelham a tempos de pandemia.