As ruminações mentais, frequentemente discutidas por profissionais de saúde, são um fenômeno comum na adolescência, mas também se intensificam na transição para a vida adulta. Segundo o psiquiatra francês que liderou um estudo recente, essa preocupação obsessiva não se limita apenas à infância, mas se torna mais prevalente à medida que os jovens enfrentam as demandas da vida adulta.

Estudo Revelador

Uma pesquisa realizada por cientistas franceses analisou dados de centenas de jovens europeus ao longo de vários anos. Os participantes responderam a questionários online sobre seus pensamentos recorrentes, que frequentemente causam desconforto e ansiedade. Além disso, esses jovens foram submetidos a ressonâncias magnéticas periódicas para monitorar possíveis alterações na atividade cerebral associadas a esses pensamentos.

Os investigadores conseguiram identificar, entre os 600 jovens avaliados, aqueles que relataram ruminações depressivas. Durante os exames de ressonância magnética, que foram realizados sem qualquer instrução específica dos pesquisadores, a atividade cerebral desses participantes foi capturada pelo aparelho. Um algoritmo avançado permitiu a análise da evolução da atividade mental no cérebro, revelando conexões entre diferentes áreas.

"Durante episódios de ruminação preocupante, notamos variações nas regiões frontais que se correlacionavam com áreas dos gânglios da base, fundamentais para a gestão das emoções", explicou um dos pesquisadores.

Tipos de Ruminações

Os pesquisadores categorizaram as ruminações em três tipos principais. As chamadas ruminações reflexivas têm uma conotação positiva e geralmente envolvem a busca por soluções para problemas. Em contrapartida, as ruminações negativas, que se relacionam a preocupações cotidianas e depressão, podem sinalizar problemas mais graves. O psiquiatra destacou que ruminações persistentes podem ser um indicativo inicial de transtornos psiquiátricos mais sérios.

O estudo mostrou que os jovens que experienciaram ruminações negativas aos 18 anos apresentaram uma maior propensão ao desenvolvimento de sintomas de ansiedade e depressão severa quatro anos depois. Essa relação foi notável ao se observar as alterações na configuração cerebral capturadas durante os exames.

Importância da Intervenção

Estudos indicam que determinados tipos de ruminações, especialmente as ligadas a preocupações e estresse, podem prenunciar o surgimento de sintomas internos de ansiedade e depressão, assim como comportamentos externos, como agressividade e uso de substâncias. Essa descoberta é crucial, pois pode ajudar na prevenção de doenças mentais em jovens com fatores de risco identificáveis.

Além disso, o psiquiatra ressaltou que a gestão das emoções, determinadas características de personalidade, padrões de sono, a presença de traumas e a puberdade precoce são fatores que influenciam a manifestação de doenças psiquiátricas, ressaltando a importância da conscientização e do cuidado precoce nessa fase da vida. Este estudo é um chamado à ação para educadores, pais e profissionais de saúde para que fiquem atentos aos sinais de ruminações mentais e ofereçam suporte adequado aos jovens.