Um recente estudo revelou que muitas crianças expressam o desejo de que seus pais passem menos tempo no celular. A pesquisa incluiu afirmações como "gostaria que meus pais gastassem menos tempo no celular" e "fico frustrado quando meus pais estão no celular em vez de passarmos tempo juntos".

Os resultados foram alarmantes: crianças entre 9 e 10 anos relataram níveis elevados de sintomas de ansiedade, depressão, hiperatividade e falta de atenção, que estavam associados a altas pontuações de dependência tecnológica, frequentemente chamada de "tecnoferência".

Os pesquisadores alertam que quando as necessidades físicas e emocionais das crianças são ignoradas ou atendidas de maneira inadequada, há um aumento significativo no risco de desenvolver problemas de comportamento. Muitas vezes, essa situação é exacerbada pela falta de interação real entre pais e filhos, levando a um ciclo de frustração e desengajamento familiar.

"Esse fenômeno contemporâneo tem um impacto profundo nas relações familiares e pode interferir negativamente na educação das crianças", comenta o pediatra Claudio Schvartsman, do Hospital Israelita Albert Einstein. No entanto, ele também observa que o período de coleta de dados durante a pandemia de covid-19 pode ter influenciado os resultados, dado que muitos estudantes estavam sob estresse e pressão sem precedentes.

Os autores do estudo reconhecem, ainda, que as percepções das crianças podem limitar as conclusões: crianças com sintomas de ansiedade podem interpretar seus pais como mais distantes, independentemente de suas verdadeiras intenções. Por isso, é crucial que pais e filhos discutam o uso da tecnologia e criem acordos que priorizem a interação e o bem-estar emocional. Em um mundo cada vez mais digital, é vital lembrar da importância desses momentos juntos, que são fundamentais para o desenvolvimento das crianças e a saúde das relações familiares.