Ciência

Você Sabia Que os Polvos Gastam Mais Energia Mudando de Cor do Que um Humano Correndo 20 Minutos?

2024-11-22

Autor: Ana

Um estudo recente revelou uma verdade surpreendente sobre os polvos: para realizar suas impressionantes mudanças de cor, esses animais consomem quase a mesma quantidade de calorias que um ser humano gastaria em uma corrida de 23 minutos na esteira. Os resultados desse estudo inovador foram publicados no periódico PNAS e estão fazendo ondas na comunidade científica.

Kirt Onthank, um dos autores do estudo, destacou ao site Live Science que "toda adaptação animal vem com benefícios e custos". Embora já soubéssemos que os polvos possuem a incrível habilidade de se camuflar, pouco se sabia sobre o custo energético desse processo. "Compreender essas informações nos ajuda a ter uma visão mais clara das compensações que os polvos fazem para se manterem ocultos".

Os polvos, assim como outros cefalópodes, possuem estruturas especiais em sua pele chamadas cromatóforos. Esses pequenos sacos elásticos são cheios de pigmento e estão conectados a músculos que, quando contraídos, fazem com que a cor interna do cromatóforo se torne visível. Para entender melhor esse processo, Onthank comparou os cromatóforos a pixels em uma tela, e números impressionantes foram revelados: os polvos têm em média 230 cromatóforos por milímetro quadrado da pele. Para se ter uma ideia, um monitor 4K de 13 polegadas possui cerca de 180 pixels por mm².

O processo de mudança de cor envolve a contração de milhares de músculos minúsculos, permitindo que os polvos criem camuflagem ou padrões de coloração impressionantes. Para quantificar o esforço necessário, os pesquisadores conduziram testes com 17 polvos-vermelhos (Octopus rubescens) e mediram o consumo de oxigênio durante as mudanças de cor, comparando esses dados com a taxa metabólica de repouso dos animais.

Os resultados foram reveladores: os polvos precisam de cerca de 219 micromoles de oxigênio por hora para mudar completamente de cor, o que é aproximadamente igual à energia que eles utilizam para realizar todas as funções corporais enquanto estão em repouso. Se ampliarmos esses cálculos para um ser humano, Onthank estima que, se tivéssemos uma pele semelhante à do polvo, queimássemos cerca de 390 calorias extras por dia apenas mudando de cor – o que equivale a quase a mesma energia gasta em uma corrida de 23 minutos.

Embora existam outros animais que também conseguem mudar de cor, como peixes, répteis e anfíbios, as transformações nas espécies marinhas são muito mais rápidas e precisas. Por exemplo, os camaleões, que também são conhecidos por sua capacidade de mudar de cor, utilizam hormônios para controlar os pigmentos dentro de suas células, resultando em um processo mais demorado e provavelmente menos dispendioso em termos energéticos.

Os pesquisadores estão animados com as possibilidades futuras e pretendem aplicar sua metodologia em outras espécies de cefalópodes e até mesmo em polvos de águas profundas. O intuito é compreender melhor as compensações energéticas que esses animais fazem e, assim, obter novos insights sobre a fascinante biologia dos polvos e suas incríveis adaptações ao ambiente marinho.