Você só pensa nisso? Entenda as ruminações mentais e seu impacto nos jovens
2024-11-28
Autor: Carolina
As ruminações mentais são uma ocorrência comum que não se limitam apenas à infância ou ao início da adolescência. O psiquiatra francês destaca que esse fenômeno se intensifica à medida que os jovens se tornam adultos. Isso pode ser especialmente preocupante, considerando os desafios emocionais e psicológicos enfrentados por essa faixa etária.
Um estudo recente realizado na França analisou dados de centenas de jovens europeus que foram monitorados por vários anos. Os participantes responderam a questionários online sobre seus pensamentos intrusivos, que muitas vezes causam desconforto e ansiedade. Para adicionar uma camada de profundidade à pesquisa, os cientistas realizaram exames de ressonância magnética para observar a atividade cerebral associada a esses pensamentos repetitivos.
Entre os 600 jovens acompanhados, aqueles que relataram ruminações depressivas foram submetidos a exames de ressonância magnética "livre", que registraram a atividade cerebral sem intervenções da equipe médica. O dispositivo utilizado teve o poder de capturar o estado mental dos indivíduos em momentos de ruminação, graças a um algoritmo avançado que analisa como a atividade cerebral evolui e conecta diferentes regiões simultaneamente.
Os pesquisadores identificaram que, durante as ruminações relacionadas à preocupação, havia uma variação nas regiões frontais do cérebro sincronizada com áreas dos gânglios da base, que são responsáveis pela gestão das emoções. Essa descoberta é crucial para entender melhor o impacto das ruminações na saúde mental dos jovens.
Classificação das ruminações
Os cientistas identificaram três tipos de ruminações mentais. O primeiro tipo é chamado de ruminação reflexiva, que tem um caráter positivo e está associada à busca de soluções para problemas. Porém, os outros dois tipos envolvem emoções negativas e preocupações cotidianas, muitas vezes ligadas à depressão. A ruminação depressiva, em particular, pode ser um sinal de alerta para problemas psiquiátricos mais sérios se não for tratada adequadamente.
A pesquisa revelou que os jovens que apresentaram ruminações negativas aos 18 anos eram mais propensos a desenvolver sintomas de ansiedade e depressão severa quatro anos depois. A intensidade desses sintomas estava diretamente ligada a alterações nas configurações cerebrais observadas durante as ressonâncias magnéticas, enfatizando a necessidade de intervenções precoces.
Esses tipos de ruminações, especialmente as associadas a preocupações e depressão, podem prever o surgimento de sintomas internos, como ansiedade e depressão, ou comportamentos externos, como agressividade e uso de substâncias. Essa correlação é vital para estratégias de prevenção de doenças mentais em jovens adultos com fatores de risco.
O estudo também sugere que fatores como gestão emocional, traços de personalidade, padrões de sono, traumas passados e puberdade precoce podem influenciar a ocorrência de doenças psiquiátricas, reforçando a importância de contextos familiares e sociais na saúde mental dos jovens. Essa pesquisa aponta para a necessidade de abordagens mais efetivas e programas de apoio que foquem na prevenção e no tratamento precoce das ruminações mentais entre os jovens.