Com apenas 43 dias até a possivelmente polêmica volta de Donald Trump à Casa Branca, o presidente ucraniano Volodimir Zelenski fez novas declarações em defesa de um fim diplomático para a guerra que assola a Ucrânia há quase três anos. Em sua proposta, Zelenski sugere que um cessar-fogo seja estabelecido com a manutenção das atuais linhas de frente e a possível entrada de forças estrangeiras no território ucraniano, mesmo sem a adesão de Kiev à Otan.

Essa nova abordagem da Ucrânia surge após uma proposta anterior, que propunha um convite parcial da Otan, afetando apenas os 80% do território sob controle ucraniano. No entanto, a Otan não demonstrou ânimo por essa ideia e enfatizou a importância de continuar fornecendo armamentos às forças ucranianas. Além disso, Zelenski teve que escutar uma cobrança direta dos Estados Unidos, que sugeriram a mobilização de jovens a partir de 18 anos, já que atualmente Kiev convoca apenas aqueles acima dos 25.

Um ponto critico que pode inviabilizar as propostas é que qualquer participação das forças da Otan poderia ser interpretada como uma declaração de guerra por parte de Vladimir Putin, o que eleva o risco de um conflito ainda mais amplo. Schall de apoio a essas iniciativas já havia sido registrado anteriormente por países como França e Polônia, mas a perspectiva de que a cláusula de defesa mútua da Otan poderia arrastar outros membros para o conflito afastou esses planos.

Recentemente, Zelenski teve um encontro com o líder da oposição alemã, Friedrich Merz, em Kiev, após se reunir em Paris com o presidente francês Emmanuel Macron e com Trump, todos presentes na reabertura da catedral de Notre-Dame. No dia anterior, Trump fez um apelo por um cessar-fogo imediato e negociações para encerrar o que chamou de “loucuras” da guerra, um movimento que é visto como uma pressão sobre a Ucrânia para ceder a algumas demandas de Путин.

Zelenski, em suas declarações, afirmou: “A Ucrânia está mais ansiosa para pôr fim a essa guerra do que qualquer um. Sem dúvida, uma solução diplomática salvaria vidas. Estamos buscando isso”. Ele ainda comentou sobre a posição de Macron e a necessidade de um entendimento claro sobre a futura adesão da Ucrânia à União Europeia e à Otan.

Essa nova postura de Zelenski reflete uma mudança significativa, especialmente considerando que ele já havia manifestado disposição em abrir mão de certas áreas em busca de um cessar-fogo, o que antes era impensável para o líder ucraniano. No entanto, a situação permanece complexa, já que Putin não dá sinais de concessões, especialmente em um momento em que suas tropas têm avançado em regiões estratégicas, como Donetsk. O presidente russo já delineou que um possível acordo de paz exigiria a entrega total das quatro regiões que ele declarou como suas em 2022, além do compromisso da Ucrânia com a neutralidade e o desarmamento.

A pergunta que permeia o cenário atual é: até onde Zelenski está disposto a ir para acabar com o conflito? Enquanto isso, diálogos indiretos entre as partes têm ocorrido, levantando a possibilidade de um aceno à paz, mas ainda sem resultados concretos.