A Zenvia, empresa brasileira focada em soluções de comunicação, está passando por uma transformação estratégica audaciosa. Em sua busca para se reposicionar como um 'pure play' de Software as a Service (SaaS), a companhia anunciou a redução de 15% de sua equipe, além de avaliar a venda de ativos não essenciais para focar no Customer Cloud, um produto que unifica várias soluções de software adquiridas nos últimos anos.

Essa decisão vem após um período complicado para a empresa, que viu suas ações despencarem de US$ 19 para apenas US$ 2,70, resultando em uma avaliação atual de aproximadamente US$ 140 milhões na Nasdaq. O CEO Cassio Bobsin revelou ao Brazil Journal que, com essa reestruturação, a Zenvia passará a operar com maiores margens e menos dívidas, posicionando-se de forma mais atrativa no mercado de capitais.

Um dos principais pontos dessa estratégia é a possível venda do seu produto de CPaaS (communication platform as a service), que atualmente representa cerca de dois terços da receita da empresa, que gira em torno de R$ 600 milhões. Essa venda pode trazer a Zenvia um capital significativo - estimativas sugerem que a companhia poderia arrecadar até US$ 100 milhões com a transação, eliminando sua dívida líquida de US$ 70 milhões.

O CFO Shay Chor destacou que empresas de software com o perfil desejado pela Zenvia costumam ser avaliadas em múltiplos de receita que variam de 6x a acima de 10x, dependendo do crescimento e da rentabilidade. Se a Zenvia conseguir essa reprecificação no mercado, planeja realizar um follow-on para melhorar sua liquidez e aumentar o free float, que atualmente é de apenas 13%.

Se a venda do CPaaS se concretizar, a Zenvia vai se concentrar exclusivamente no Customer Cloud, que já conta com uma receita de R$ 180 milhões e uma margem bruta de 70%. A plataforma permite que empresas gerenciem marketing, atendimento ao cliente através de bots e interações em redes sociais, além de auxiliar na conversão de vendas.

O Customer Cloud se posiciona como um forte concorrente de outras startups no Brasil, como a Take Blip, que recentemente levantou US$ 60 milhões de investidores como Microsoft e Softbank. Com 5.700 assinantes e 20% da receita proveniente de mercados internacionais, a solução de SaaS da Zenvia parece promissora, especialmente tendo em vista a crescente demanda por tecnologias baseadas em inteligência artificial.

A confiança na nova estratégia é refletida pelas declarações de Cassio Bobsin, que acredita que a transformação levará a empresa a um futuro mais robusto e sustentável. E, com a redução de sua equipe, a expectativa é que a Zenvia consiga cortar custos entre R$ 30 milhões a R$ 35 milhões até 2025, reposicionando-se como uma referência no setor.

A Zenvia está decidida a traçar um novo caminho e, com as mudanças em andamento, a expectativa é que a empresa se torne uma história de sucesso dentro do ecossistema de tecnologia e inovação brasileiro.