Ciência

2024: O Ano Mais Quente da História e Seus Efeitos Devastadores no Clima

2024-12-27

Autor: Ana

Com a confirmação de que 2024 se tornará o ano mais quente já registrado na história da humanidade, o clima global atingiu alarmantes "novos patamares perigosos". As transformações climáticas resultaram em uma média de 41 dias a mais de calor extremo que afeta a saúde dos cidadãos ao redor do mundo.

Um estudo recente da World Weather Attribution (WWA) em conjunto com a Climate Central analisa detalhadamente os dados meteorológicos que caracterizaram um ano repleto de eventos climáticos extremos, exacerbados pela ação humana. A pesquisadora Friederike Otto, líder da WWA e professora de ciência climática no Imperial College de Londres, destacou: "Os impactos do aquecimento causado por combustíveis fósseis, que são responsáveis pela maior parte dos gases de efeito estufa na atmosfera, tornaram-se mais evidentes e devastadores em 2024. Estamos vivendo em uma nova era perigosa."

A fragilidade dos sistemas climáticos tem causado estragos imensos: milhares de vidas foram perdidas, milhões foram forçados a abandonar suas casas e o sofrimento causado por fenômenos naturais extremos continua a crescer. Exemplos marcantes incluem as inundações na Espanha, furacões nos Estados Unidos, secas na Amazônia e enchentes na África.

O relatório da WWA revela que das 29 catástrofes climáticas estudadas, 26 foram intensificadas pelas mudanças climáticas. As fatalidades oficiais atribuídas a essas calamidades ultrapassam 3.700, mas especialistas estimam que o número real esteja na casa das dezenas de milhares, com possibilidade de atingir centenas de milhares devido ao impacto cumulativo das mudanças climáticas.

Em novembro, diversas instituições de pesquisa, incluindo o Observatório Copernicus da União Europeia, já haviam indicado que 2024 superaria 2023 como o mais quente registrado até agora. Os meses iniciais do ano quebraram marcas anteriores de temperatura, culminando com os dois dias mais quentes na história, em 21 e 22 de julho.

Embora o fenômeno climático El Niño tenha contribuído para as secas e temperaturas altas em várias regiões, os cientistas concordam que o aquecimento global teve um papel muito mais significativo nesse contexto. Regina Rodrigues, professora da Universidade Federal de Santa Catarina, alertou sobre a crescente frequência e severidade das secas na Amazônia, que podem transformar irreversivelmente a floresta em um estado mais seco, afetando o fluxo de umidade e a biodiversidade.

Os incêndios florestais também prosperaram globalmente, com o Brasil, especialmente o Pantanal, enfrentando sua segunda pior temporada de incêndios em 20 anos, queimando mais de 3,5 milhões de hectares. As condições de seca extremas na região, combinadas com níveis de rios em mínimos históricos, permitiram que os incêndios começassem mais cedo que o habitual, em junho.

Pesquisadores indicam que as mudanças climáticas tornaram as condições propensas a incêndios no início da temporada de 4 a 5 vezes mais prováveis. Diante de cenários tão alarmantes, a necessidade de reduzir drasticamente as emissões de gases do efeito estufa se torna cada vez mais urgente. Friederike Otto reafirmou que "todos os países devem aumentar os esforços para substituir combustíveis fósseis por fontes de energia renovável até 2025 e se preparar para o clima extremo que se aproxima."

Em um momento em que o planeta clama por ação, fica o apelo: como agiremos para evitar que a próxima catástrofe ambiental seja ainda mais devastadora? A mudança está em nossas mãos!