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A China quer criar um bull market, afirma a Gavekal. ('Compre' de qualquer maneira)

2024-10-07

Autor: Pedro

As bolsas chinesas, após atingirem o nível mais baixo em cinco anos, iniciaram um impressionante rali desde que o governo introduziu uma série de medidas para impulsionar a economia.

De acordo com Louis-Vincent Gave, CEO da consultoria Gavekal, o governo de Pequim está promovendo uma alta no mercado de ações para restaurar a confiança interna e garantir um crescimento do PIB mais elevado. Isso contrasta com abordagens anteriores, nas quais o governo injetava dinheiro na economia, resultando apenas na valorização das ações como um efeito colateral.

Em recente declaração, Gave destacou: “O bull market não é apenas uma consequência da política; ele é a própria política.” Essa estratégia se reflete nas primeiras ações do governo, que incluem novas medidas para facilitar a recompra de ações pelas empresas.

Gave afirma que as autoridades chinesas decidiram impulsionar o mercado acionário como uma maneira de auxiliar os millennials a reequilibrarem suas finanças e restaurarem sua confiança na economia, uma estratégia que pode surpreender muitos analistas que duvidavam da viabilidade do investimento na China.

Ele prevê que, se sua análise estiver correta – e Gave tem monitorado o mercado chinês por mais de uma década – Pequim continuará a oferecer novos incentivos até alcançar três resultados principais: aumento na inflação (que ainda não é evidente); desvalorização do renminbi (que permanece estável por enquanto); e um bull market que leve as ações a “avaliações absurdas ou à especulação excessiva.”

Gave acredita que este novo ciclo de alta será distinto dos anteriores, que frequentemente se concentravam em investimentos em infraestrutura e na compra de empresas de mineração ou marcas de luxo internacionais, sem necessariamente envolver a economia local. Agora, o foco será corrigir os balanços financeiros de pessoas e empresas, em vez de simplesmente inflacionar os preços de commodities.

Para aqueles que buscam aproveitar esta nova fase, Gave sugere que é essencial investir diretamente na China, contrariando a tendência de muitos analistas que, nos últimos anos, desaconselharam investimentos nesse mercado.

Em um webinar recente, Gave compartilhou sua perspectiva otimista, destacando a “trifeta” que favorece o mercado chinês: ativos baratos, um momentum positivo e o apoio governamental. Ele também mencionou que a recente redução das taxas de juros pelo Federal Reserve pode levar investidores de Hong Kong a liquidar suas posições em dólar e direcionar seus investimentos para ações chinesas.

Diversas pesquisas mostram que os ETFs de ações chinesas sofreram o maior fluxo positivo em anos na última semana. O índice Hang Seng de Hong Kong subiu 35% nos últimos 30 dias, alcançando seu nível mais alto desde 2022 e superando o S&P 500 neste ano (com um crescimento de 38% contra 20% do S&P).

Além disso, em Nova York, as ações da Vale experimentaram alta de 13,6% e a Suzano viu um incremento de 5% em seus preços, sinalizando uma recuperação robusta no interesse por ativos brasileiros em um contexto de crescimento chinês.