Ciência

A Pobreza em Alta: Especialista Aponta Dados Alarmantes do IBGE Sobre Moradia no Amazonas

2024-11-08

Autor: Matheus

Os últimos dados do IBGE revelam uma realidade alarmante no Amazonas, onde Manaus, a vibrante capital da Zona Franca, abriga sete das oito favelas e comunidades urbanas mais populosas do Brasil. Essa triste constatação implica que 34,7% da população amazonense vive em condições deficitárias, o que nos faz refletir sobre a queda acentuada da renda e da qualidade de vida da população local.

Luiz Antônio Souza, sociólogo e professor da Universidade Federal do Amazonas (Ufam), destaca que a pesquisa deste ano do IBGE revela que essas comunidades carecem das condições básicas para uma vida digna. Em uma análise mais profunda, notamos que, das 20 favelas mais populosas do País, oito estão na Região Norte, concentrando-se em Manaus, enquanto outras regiões, como Sudeste e Nordeste, apresentam números alarmantes, mas em menor escala.

O Amapá, por exemplo, registra 24,4% de sua população vivendo em favelas, e o Pará, 18,8%. Isso coloca a Região Norte como a mais desfavorecida economicamente, revelando que o modelo de desenvolvimento atual não é mais capaz de proporcionar a dignidade necessária à sua população.

Luiz Antônio também ressalta que, em décadas passadas, cerca de 15% da riqueza gerada pela Zona Franca era destinada aos salários dos trabalhadores. Contudo, atualmente, esse número caiu para apenas 7,5% a 8%. "Estamos falando de uma expropriação de renda que desaparece da economia local e afeta diretamente a vida dos cidadãos," afirma.

Essa expropriação é ainda mais dramática quando analisamos o impacto nas famílias que, nas décadas de 80, 90 e 2000, conseguiam juntar dinheiro para comprar uma casa própria. Nos dias de hoje, esse sonho parece distante, e a riqueza pública também sofre com o desaparecimento dessa renda.

Outro aspecto importante destacado pelo sociólogo é a mudança na terminologia empregada pelo IBGE, que agora redefine essas moradias como favelas, ao invés de aglomerados subnormais. Essa mudança traz à tona a dura realidade das comunidades: moradores sem água potável, saneamento básico e transporte público adequado.

A situação das favelas, em contraste com a imensa riqueza gerada pela região, evidencia a hipocrisia do sistema capitalista que, apesar de produzir milionários rapidamente, também gera um aumento proporcional da pobreza. Luiz Antônio argumenta que não se pode desenvolver uma região com salários tão baixos e que é urgente uma intervenção eficaz por parte dos três níveis de governo—federal, estadual e municipal—para combater o déficit habitacional que ultrapassa 8 milhões de moradias em favelas pelo Brasil.

Além disso, o sociólogo apela à necessidade de revitalização dos centros urbanos, onde muitos imóveis permanecem fechados enquanto as pessoas vivem em condições degradantes. Em Manaus, assim como em São Paulo, esse fenômeno é notório, e ele sugere que é vital repensar o modelo de desenvolvimento que falha em garantir moradia digna para todos.

A solução, segundo Luiz, passa por um incentivo aos proprietários de imóveis vazios, permitindo que esses espaços sejam alugados ou emprestados, além de considerar medidas como isenção de impostos para estimular essa prática. Ele ainda argumenta que o Estado deve negociar com os devedores, buscando formas de amortizar dívidas fiscais desde que os imóveis voltem a ser utilizados para gerar riqueza e bem-estar na sociedade.

Este panorama desolador exige urgência nas soluções propostas e uma abordagem mais humana e inclusiva nas políticas públicas, se quisermos mudar o futuro dos que habitam o Amazonas e, por consequência, de todo o Brasil.