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A Verdade Chocante sobre a Tabas: CEO Revela Motivos para Abandonar o Mercado de Aluguel

2024-10-07

Autor: Mariana

O CEO e cofundador da Tabas, Leonardo Morgatto, expressou sua frustração com o mercado de aluguel para pessoas físicas, afirmando que há um ano e meio a empresa não atua mais nesse nicho. "Nunca mais", declarou em uma entrevista ao Valor. Desde a sua decisão, 600 apartamentos foram devolvidos, enquanto 400 ainda estão sob a administração da empresa. “Não quero trabalhar com quem não quer trabalhar conosco e nem ficar brigando com condomínio”, enfatizou Morgatto.

Fundada em 2020, a Tabas surgia com o intuito de oferecer o que chamou de "aluguel flexível", um conceito que mescla locações de média duração à moda do Airbnb (curta duração) e do QuintoAndar (longa duração). Durante a pandemia de covid-19, a startup imobiliária cresceu e chegou a ter até 1.200 apartamentos alugados na capital paulista. Em 2022, a Tabas foi adquirida pela Blueground, uma empresa grega que opera em diversos países e fatura anualmente cerca de R$ 4 bilhões.

Diferentemente de outras startups do setor que operam como marketplaces, o modelo da Tabas se baseia na administração de imóveis, com contratos de aluguel de longa duração, que em média são de seis anos. Isso contrasta com os dois anos e meio comuns no mercado. A empresa subloca os imóveis a preços mais elevados, focando na demanda de curta e média temporada.

Além disso, a Tabas realiza reformas nos apartamentos antes de locá-los, com um investimento previsto nos contratos entre R$ 60 mil e R$ 70 mil, embora Morgatto tenha confessado já ter investido até R$ 100 mil em algumas reformas. Essa estratégia visa melhorar a velocidade de locação e os preços dos imóveis.

Entretanto, nem tudo são flores. Morgatto relata que a empresa começou a enfrentar sérios problemas com proprietários e a gestão condominial, que se tornaram conflituosos. "Começamos a ter guerras com vizinhos e a gestão do condomínio; vários condomínios nos bloquearam". Ele afirma que a resistência crescente dos moradores, especialmente em bairros nobres, em relação à rotatividade dos inquilinos foi um dos principais fatores que contribuíram para o fracasso nesta área.

A empresa também se deparou com situações em que proprietários não corrigiram problemas estruturais ocultos em seus imóveis e tentaram negociar diretamente com os clientes da Tabas, situação conhecida como "bypass". Nos últimos doze meses, a empresa contabilizou impressionantes 20,9 mil dias de bloqueio dos apartamentos.

Os conflitos escalaram ainda mais, levando a Tabas a enfrentar mais de 450 processos judiciais, com mais de 240 casos direcionados diretamente a Morgatto. Advogados envolvidos nos casos alegam que muitos proprietários estão se sentindo lesados e estão buscando reações judiciais, uma vez que a empresa começou a atrasar pagamentos. A advogada Marcela Miranda, responsável por várias ações, mencionou ter conquistado vitórias significativas em processos contra a startup, aumentando a pressão sobre a Tabas.

Por outro lado, em um tom contraditório, ex-funcionários da empresa pintam um quadro diferente, alegando que as dificuldades financeiras surgiram devido à falta de gestão adequada, além de relatos de salários atrasados e benefícios não pagos. Enquanto isso, outros funcionários garantem que a situação interna já foi normalizada e a empresa está ativamente contratando.

Após interromper as locações para pessoas físicas, a Tabas agora focou na administração de prédios inteiros, operando com 15 edifícios que somam 1.500 apartamentos, incluindo edifícios adquiridos por investidores institucionais. Morgatto exalta que a empresa nunca esteve tão bem financeiramente, tendo quitado dívidas significativas com reformulação de imóveis e até mesmo conseguido contratos com a Blueground.

A história da Tabas é um lembrete do quão desafiador pode ser o mercado de locação no Brasil, misturando oportunidades de inovação com a complexidade das relações comerciais, onde a comunicação e a transparência são essenciais para evitar conflitos.