Após 39 dias de suspensão, a plataforma X, de Elon Musk, finalmente obteve autorização para reabrir suas portas no Brasil. O desbloqueio, que deve ser efetivado em até 24 horas, marca o fim de uma batalha legal que se estendeu por meses com o Supremo Tribunal Federal (STF). A repercussão na imprensa internacional foi imediata e, segundo o "The New York Times", isso representa uma "derrota para Musk". Por outro lado, a CNBC destacou que o X "se orgulha de retornar" ao Brasil, um de seus maiores mercados.

Suspenso desde 31 de agosto após uma ordem do ministro Alexandre de Moraes, o retorno da plataforma se deu após o pagamento de uma multa de R$ 28,6 milhões (cerca de US$ 5,1 milhões) e a nomeação de um representante local, atendendo às exigências legais brasileiras. Na última terça-feira, o STF afirmou em um comunicado que "a empresa cumpriu as condições estipuladas pelo relator, ministro Alexandre de Moraes, e a plataforma poderá voltar a ser utilizada pelos brasileiros".

Além de considerar a situação como uma derrota para Musk, o "The New York Times" lembrou que a rede social perdeu um mês de negócios em um mercado estratégico. O jornal enfatizou que essa resolução, que parecia promissora para a empresa, acabou resultando em prejuízos significativos. "Musk se posicionou como defensor da liberdade de expressão, mas agora sua empresa se encontrou de mãos atadas, permitindo que concorrentes se fortalecessem no Brasil", destacou a publicação.

A BBC acrescentou que, em um primeiro momento, Musk optou por fechar a sede da X no Brasil ao invés de cumprir a ordem do ministro, e notou que o empresário fez meses de ataques verbais a Moraes, equiparando-o ao vilão Voldemort e chamando-o de "juiz falso".

De acordo com o site Wired, Musk "acabou cedendo à pressão" da Justiça brasileira, mas a empresa Starlink, que foi afetada pelo bloqueio, não deve ser impactada da mesma forma, segundo especialistas. A especialista em comunicação digital, Nina Santos, comentou em entrevista à Wired que Musk "não tinha outra opção senão se submeter à Justiça" e alertou que os brasileiros estavam começando a "não se importar" com a suspensão da rede social. Segundo ela, "é muito mais fácil viver sem o X do que sem o Starlink no Brasil".

O respeitado periódico francês "Le Monde" também salientou que esse caso surgiu em meio a uma "enxurrada de desinformação online relacionada à campanha eleitoral de 2022", refletindo um embate crucial entre liberdade de expressão e responsabilidade corporativa. Eles escreveram: "Moraes está em um impasse com Musk, o homem mais rico do mundo, há meses em virtude das notícias falsas que circulavam durante as eleições". Em um panorama que levanta questões sobre o controle de informações nas redes sociais, a luta entre Musk e a Justiça brasileira evidencia a importância de um debate amplo sobre a regulamentação das plataformas digitais.