Acordo entre Mercosul e União Europeia: Impactos Surpreendentes para o Brasil
2024-12-06
Autor: Lucas
A Cúpula de Chefes de Estado do Mercosul, realizada na última quinta-feira (5), traz promessas de mudanças significativas para o comércio entre a União Europeia (UE) e os países sul-americanos integrantes do bloco. Após 25 anos de negociações, as expectativas são altas para a conclusão do Acordo de Associações Mercosul-União Europeia.
Este acordo visa aprofundar a relação comercial e política entre as duas regiões, promovendo uma facilidade na troca de bens e produtos. Entretanto, o debate em torno do acordo continua acalorado, com diversas opiniões divergentes entre especialistas e países da UE.
O Mercosul, que inclui Argentina, Bolívia, Brasil, Paraguai e Uruguai, tem como meta principal aumentar a competitividade e o investimento no mercado global. O acordo abrangerá pontos como:
- Cooperação política e ambiental;
- Livre comércio;
- Harmonização de normas sanitárias;
- Proteção dos direitos de propriedade intelectual;
- Abertura para compras governamentais.
Após a assinatura do acordo inicial em 2019, que ainda precisou ser ratificado pelos parlamentos dos países envolvidos, as negociações foram reativadas recentemente, com a Comissária Europeia Ursula Von der Leyen enfatizando a importância do acordo na criação de uma das maiores parcerias de investimento do mundo, impactando cerca de 700 milhões de pessoas.
Um estudo do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) prevê que o acordo pode proporcionar um crescimento no PIB do Brasil de até 0,46% até 2040, resultando em um incremento de aproximadamente US$ 9,3 bilhões (R$ 55,7 bilhões) na economia brasileira.
Apesar desse otimismo, a França continua sendo um dos principais opositores do acordo, temendo que a competição com o Mercosul, especialmente nas áreas agrícolas, prejudicará sua produção local. Em contraste, especialistas apontam que o Mercosul poderá se beneficiar de uma maior demanda por produtos agrícolas na Europa, que é considerada um 'mercado premium', com altos padrões de qualidade e preços competitivos.
Os desafios não são somente de um lado. O Mercosul também deve se preparar para enfrentar a concorrência europeia em setores como indústria automobilística, química e manufaturas. A questão que permanece é como equacionar as concessões e os benefícios de tal acordo. Welber Barral, ex-secretário de comércio exterior, destaca que é vital garantir um equilíbrio, onde o Brasil possa defender suas indústrias e, ao mesmo tempo, aproveitar as oportunidades oferecidas pelo mercado europeu.
ANIVERSÁRIO DE OPORTUNIDADES: A assinatura do acordo está prevista para ocorrer ainda nesta semana, embora todos os passos legais e burocráticos demandem tempo antes que ele se torne efetivo. Em sua conta na rede social X, Ursula Von der Leyen mencionou a proximidade do acordo, chamando a oferta de uma ‘linha de chegada para um mercado de 700 milhões de pessoas.’
Se o acordo for assinado, sua implementação será gradual e poderá ser revisado em longo prazo. O senador uruguaio Omar Paganini indicou que o consenso entre os países do Mercosul está forte, mas os descontentamentos na Europa, especialmente da França, podem representar um obstáculo considerável.
Por fim, o acordo pode trazer tanto riscos quanto oportunidades para o Brasil. É essencial que o país tome medidas proativas para garantir que os benefícios do comércio sejam equitativamente distribuídos, e que as indústrias nacionais estejam preparadas para competir em um cenário global em constante evolução.