Nação

Após bloqueios na Maré, polícia propõe instalação de blocos de concreto em mais quatro comunidades

2024-12-10

Autor: Mariana

A intensificação das operações no Complexo da Maré sob a denominação "Operação Torniquete" resultou em tragédias, com dois mortos e sete detidos, além de interdições nas importantes vias como a Linha Vermelha, Linha Amarela e Avenida Brasil.

As facções que dominam o Complexo da Maré têm uma metodologia específica para seus roubos: os lucros obtidos são direcionados para a aquisição de armas e munições, perpetuando o ciclo de violência na região.

Recentemente, o comandante do 22º BPM enviou um ofício à Secretaria de Polícia Militar, onde destacou a efetividade dos "redutores" de velocidade implantados e sugeriu a ampliação dessa estratégia para outras comunidades. Dados do Instituto de Segurança Pública (ISP) indicam que, na área do 22º BPM, foram registradas 39 ocorrências de roubo de carga em setembro. Após a instalação dos blocos, esse número caiu para 22 em outubro, uma redução significativa de 43,5%.

Victor Cesar Carvalho dos Santos, secretário de Segurança Pública, reconheceu a eficácia da medida, mas ressaltou suas limitações: — A ação foi bem-sucedida, pois as grandes carretas não conseguiam mais acessar algumas ruas, facilitando ações de abordagem por parte da polícia. Entretanto, essa intervenção só foi viável devido à largura das ruas na Maré, uma vez que em áreas mais estreitas, isso poderia prejudicar veículos menores, o que definitivamente não é o nosso intuito.

Entretanto, o secretário também apontou o fenômeno da migração de atividades criminosas para comunidades vizinhas, como Manguinhos, onde a atividade policial teve que ser intensificada desde a implementação dos bloqueios.

Críticas surgiram, principalmente da ONG Redes da Maré, que alegou que os bloqueios estavam claramente atrapalhando a circulação necessária de veículos, afetando diretamente o abastecimento do comércio local e a mobilidade dos residentes, além da operação da construção civil.

Em um relatório, o comandante do 22º BPM também notou que, embora tenham havido reduções nos roubos na área dos redutores, o cenário geral no estado é alarmante. O Rio de Janeiro registrou 378 casos de roubo de carga em outubro, um aumento notável de 87% em relação ao mesmo mês do ano anterior. No total, destacam-se as estatísticas que apontam um crescimento de 92% nos roubos apenas de setembro a outubro, reforçando a questão da segurança pública no estado.

Os roubos têm sido mais frequentes na Linha Amarela e na Avenida Brasil, áreas identificadas pela PM como pontos críticos. Mercadorias roubadas estão sendo direcionadas para comunidades sob domínio do Terceiro Comando Puro (TCP).

Para enfrentar essa situação, a polícia está considerando a instalação de blocos de concreto em quatro locais estratégicos que dão acesso a comunidades: - Linha Vermelha, próximo à subida da Linha Amarela; - Praia de Inhaúma com Linha Amarela; - Linha Amarela com Rua Canal; - Entrada da UPA da Vila dos Pinheiros.

É importante ressaltar que, para o gerente de Infraestrutura da Firjan, a presença da polícia nas fronteiras das comunidades é crucial, porém, isso deve ser complementado com investigações mais profundas: — O policiamento ostensivo é importante, mas sem o desmantelamento das cadeias de receptação e a raiz do crime, que são em grande parte controladas por facções criminosas, essa medida pode apenas deslocar o problema.

Por sua vez, a PM garantiu que as novas instalações foram feitas respeitando os direitos da população e com o intuito de preservar vidas de moradores que poderiam ser afetados por veículos em alta velocidade, especialmente aqueles conduzidos por criminosos. Além disso, enfatizou que estas estruturas fazem parte de uma estratégia mais ampla de segurança, visando também garantir o acesso para veículos de emergência e abastecimento que atuam nas comunidades.