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Após 'farra bilionária', contratações para futebol saudita caem à metade: Secou a fonte ou recalculou estratégia?

2024-10-09

Autor: João

A extravagância bilionária que trouxe estrelas internacionais para a modesta liga da Arábia Saudita está passando por uma drástica mudança, com os gastos caindo consideravelmente neste ano. Após um 2023 impressionante, onde Cristiano Ronaldo e outros nomes de peso fizeram suas estreias, as contratações sauditas despencaram de US$ 957 milhões (aproximadamente R$ 5,2 bilhões) para US$ 431 milhões (cerca de R$ 2,3 bilhões) nesta última janela de transferências.

Enquanto Ronaldo e Karim Benzema continuam a atrair olhares na Saudi Pro League, com um elenco agora contando com N'Golo Kanté e Sadio Mané, algumas contratações notáveis foram raras. O destaque foi a chegada do inglês Ivan Toney, do Brentford, ao Al Ahli.

A Saudi Pro League que, no verão europeu de 2023, era a segunda liga que mais gastou, atrás apenas da Premier League, caiu agora para a sexta posição, atrás das cinco grandes competições europeias com as quais almejam rivalizar.

Os analistas agora alertam que as autoridades sauditas estão reavaliando o retorno financeiro dos altos Gastos, uma vez que a iniciativa da Arábia Saudita de modernizar a economia, anteriormente dependente do petróleo, enfrenta novas pressões orçamentárias. James Dorsey, pesquisador sênior da Universidade Nacional de Cingapura, observa que a liga já alcançou sua meta de visibilidade, mas questiona como sustentar isso a longo prazo.

Com a Arábia Saudita se preparando para ser a única concorrente para sediar a Copa do Mundo de 2034, o país está em uma corrida contra o tempo para se reposicionar como um hub de turismo e negócios antes da diminuição da demanda global por petróleo. Este contexto sugere que a Saudi Pro League ainda pode ter mais surpresas pela frente.

A recentíssima redução nos investimentos em futebol se alinha com um aperto de cinto em outros projetos gigantes do país, que estão sob o plano Vision 2030, idealizado pelo príncipe herdeiro Mohammed bin Salman. O ministro das Finanças também já reconheceu que a inflação global e crises como a guerra na Ucrânia estão forçando o governo a revisar seus planos de expansão.

Além disso, o Fundo de Investimento Público saudita tem feito emissões de títulos para financiar projetos, enquanto a gigante do petróleo Aramco está lançando ações para levantar recursos.

Este clima de contenção também afeta outras ligas mundiais de futebol, com a Premier League, por exemplo, reduzindo seus gastos devido a novas regras de sustentabilidade. De acordo com dados da FIFA, globalmente, os gastos com transferências no futebol masculino caíram 13% em relação ao ano anterior, totalizando US$ 6,4 bilhões (R$ 34,9 bilhões) neste último verão europeu.

Para muitos, esta contração de gastos representa uma abordagem mais realista e racional para a Saudi Pro League. Especialistas afirmam que o foco agora deve ser na atração de patrocinadores e criação de recursos dentro e fora da Arábia Saudita.

Um funcionário da liga, que optou por permanecer anônimo, argumentou que a queda nos gastos não significa uma falta de ambição, mas sim a maturidade da liga e a necessidade de melhorar a qualidade das equipes sem depender de contratações de grandes estrelas todos os anos.