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Arcebispo maronita de Aleppo: A Nova Síria Deve Ser um Estado Inclusivo

2024-12-17

Autor: Matheus

Cecilia Seppia - Cidade do Vaticano

Após um período tumultuado, a Síria agora experimenta relativa calma, desde que eventos recentes resultaram na queda de Bashar al-Assad, um regime que durou 54 anos e que levou dezenas de milhares de pessoas às ruas em celebração. Contudo, falar sobre paz em território sírio ainda é cedo. Somente nas últimas 48 horas, o exército israelense conduziu 75 ataques aéreos com a intenção de desmilitarizar a Síria, uma ação que gerou condenações por parte do Irã e da Turquia, além de um apelo da Rússia para que Israel se retire das Colinas de Golã.

É Urgente Pacificar o País

Em uma declaração à imprensa do Vaticano, o arcebispo maronita de Aleppo, dom Joseph Tobjie, ressaltou a urgência da estabilização do país, essencial para a segurança e o aspecto humanitário. "Estamos relativamente tranquilos aqui em Aleppo, embora ainda ocorram combates em outras regiões como Damasco, onde a situação é mais crítica", comentou. Ele destacou que, apesar de incidentes isolados, a real preocupação é a ampla presença de grupos rebeldes e a disseminação de armas, algumas até entre crianças. "É terrível ver isso", lamentou.

Dia após dia, os sírios observam a dinâmica política e as ideias de pacificação surgem, mas nem todas são promissoras. Embora o grupo Hayat Tahrir al-Sham (HTS), vinculado à revolução, tenha proferido declarações positivas sobre o tratamento das minorias, a situação ainda exige vigilância.

Avançar com Cautela

Dom Tobjie expressou algum otimismo moderado em relação às promessas do HTS, mas destacou que a confiança precisa ser construída com o tempo. "Nossos laços estão respeitosos, e até agora não presenciei perseguições, o que é um sinal positivo", ressaltou. Ele também comentou sobre o novo primeiro-ministro designado, Muhammad Al-Bashir, que prometeu proteção às minorias, à mulher e a crianças. "É um momento de esperança, mas a dúvida persiste sobre como as promessas serão realmente executadas", apontou. Com a atenção global focada na Síria, a comunidade internacional poderá desempenhar um papel crucial na sustentabilidade das promessas feitas.

Construindo um Estado Civil e Democrático

O arcebispo fez um apelo emocionante à comunidade cristã da Síria, clamando por uma participação ativa no futuro político do país. "Nós, cristãos sírios, não queremos ser tratados como cidadãos de segunda classe. Precisamos nos engajar e preparar para o papel que temos a desempenhar", afirmou. Após décadas de governo totalitário, ele reconheceu que o desafio é grande, mas enfatizou a importância de iniciar a construção de um estado civil baseado em princípios que respeitem a diversidade e a inclusão.

A Missão da Igreja: Apoiar o Povo

Dom Tobjie também agradeceu ao apoio dos bispos europeus e ao Papa pela orientação em tempos tão difíceis. "Não queremos nos sentir sozinhos. A fé nos mantém resilientes em face das adversidades. Já enfrentamos uma longa guerra civil, desastres naturais e crises sanitárias. A missão da Igreja é estar próxima das pessoas, promovendo a fé, a esperança e a caridade", concluiu. Com um futuro que ainda mostra muitas incertezas, seu discurso ressalta a determinação da sociedade síria em buscar um caminho de paz e prosperidade para todos.