Avaliação de Moana 2: Diversão e Desapontamento em Aventura e Música
2024-11-26
Autor: Matheus
Após anos de espera, Moana 2 finalmente chegou aos cinemas e trouxe consigo uma mistura de empolgação e desilusão. A Disney já havia discutido as origens dessa continuação, que inicialmente era planejada como uma série para o Disney+. No entanto, a necessidade de um novo sucesso nas telonas fez com que o CEO Bob Iger decidisse acelerar o lançamento do filme cinematográfico, utilizando partes da história que haviam sido desenvolvidas para a série.
A produção de Moana 2 foi extremamente custosa e, mesmo assim, as suas raízes televisivas são evidentes. A estrutura episódica do enredo é facilmente identificável, criando a sensação de que a narrativa poderia se expandir em futuras temporadas. Apesar da estratégia de negócios parecer promissora, os espectadores podem sentir que, após oito anos da estreia do primeiro filme, a nova aventura não possui a mesma profundidade e riqueza de emoções.
Visualmente, a animação deslumbra com sequências vibrantes e um design de personagens que hipnotiza, refletindo a beleza da cultura polinésia. No entanto, o enredo geral parece uma repetição da primeira história, onde Moana, mais uma vez, precisa embarcar em uma jornada por „outro lado do oceano“ para encontrar uma ilha perdida e restaurar as correntes marítimas. A introdução de um deus maligno que deseja isolar a humanidade adiciona uma camada de complexidade, mas a execução dessa premissa é fraca.
Entre os momentos mais intrigantes está o crescimento de Moana, que agora hesita em deixar sua família e responsabilidades para trás. Essa nova profundidade no personagem poderia ter sido uma oportunidade de explorar conflitos internos mais ricos, mas, lamentavelmente, tais potenciais são deixados de lado em prol de uma narrativa mais leve.
Os diretores David G. Derrick Jr., Jason Hand e Dana Ledoux Miller oferecem um enredo divertido em certos momentos, mas nada que se aproxime do impacto emocional do original. A urgência de Moana para salvar seu povo é constantemente ameaçada por uma falta de real perigo, enfraquecendo a tensão dramática e a conexão com o público.
Alguns personagens novos, como os Kakamora, que ganharam mais visibilidade, se destacam, e há uma nova antagonista, Matangi, que se revela uma personagem carismática. Sobretudo, Matangi proporciona uma das melhores performances musicais do filme, trazendo luz em meio a um repertório musical que, lamentavelmente, não atinge o mesmo nível do primeiro filme.
As músicas de Moana 2, embora agradáveis, carecem do brilho e da originalidade que foram a marca registrada do primeiro filme, cuja trilha sonora ganhou corações e prêmios. A ausência de Lin-Manuel Miranda se faz sentir, e os pais já podem se preparar para mais oito anos ouvindo as mesmas canções, como “Saber Quem Sou”. A repetição de temas e a falta de inovação nas composições causam desinteresse, mesmo que a voz de Gabrielly brilhe.
Por último, a dublagem traz à tona tentações de modernidade na linguagem, que podem soar estranhas em um contexto de uma narrativa que se passa há 2000 anos. Expressões contemporâneas parecem deslocadas e levantam questões sobre a durabilidade e a relevância do conteúdo a longo prazo.
Portanto, Moana 2 é uma experiência visual encantadora e divertida em partes, mas, infelizmente, não consegue superar o legado do filme anterior, deixando muitos esperançosos por mais e torcendo para que uma possível Moana 3 resgate a magia que todos esperavam. Pode ser que o filme traga uma nova geração de fãs, mas a crítica não pode deixar de apontar que a Disney pode e deve fazer melhor para conquistar os corações que foram encantados pela primeira aventura.