
Bolsonarismo Leva Conflito Político para o Exterior: O Papel do Autoexílio, Trump e uma Rede Internacional
2025-03-24
Autor: Matheus
BRASÍLIA — O clã Bolsonaro intensifica sua estratégia de transferir a batalha política nacional para um cenário internacional. Com o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) prestes a ser julgado no Supremo Tribunal Federal (STF) e vários aliados enfrentando graves acusações, a direita brasileira busca cada vez mais refúgio em soluções fora do Brasil, em um esforço para angariar suporte global e evitar pressões internas.
Essa movimentação ganhou força com a recente volta de Donald Trump à Presidência dos Estados Unidos em 2024, posicionando-se como uma figura chave para a direita brasileira. O deputado federal Eduardo Bolsonaro (PL-SP), filho do ex-presidente, assumiu a liderança desta empreitada, que começou em 2018 com a eleição de seu pai, e agora encontra um novo ímpeto nesse novo cenário político.
Aliados de Eduardo revelaram que sua motivação para permanecer nos EUA se intensificou após ser desestimulado a ocupar um cargo na Câmara dos Deputados, por temer conflitos com o STF. Essa estratégia tem como objetivo fortalecer laços com políticos republicanos e maximizar o apoio internacional.
Eduardo já manteve encontros com Trump, que o recepcionou pessoalmente em sua Trump Tower em 2021 e o convidou para eventos significativos, reforçando a relação entre as duas figuras. Além disso, outros políticos bolsonaristas têm realizado visitas frequentes a Washington para expressar suas preocupações sobre supostas violações de direitos e abusos de poder. Essas reuniões têm ganhado destaque, com a participação de nomes como Marcel van Hattem (Novo-RS) e outros aliados notáveis como Bia Kicis (PL-DF) e Carla Zambelli (PL-SP).
No mês passado, a bancada bolsonarista se reuniu com Pedro Vaca Villarreal, um relator especial da Comissão Interamericana de Direitos Humanos (CIDH), onde relataram o que consideram sendo perseguições políticas no Brasil. Esse movimento tem como finalidade aumentar a visibilidade internacional das alegações de abuso contra conservadores.
Surpreendentemente, figuras proeminentes de fora do Brasil, como Elon Musk e Tucker Carlson, bem como políticos da América do Sul e Europa, como Javier Milei da Argentina e André Ventura de Portugal, têm se alinhado com a agenda bolsonarista, o que ressalta uma rede de solidariedade que ultrapassa fronteiras.
Além disso, após o anúncio do autoexílio, Eduardo Bolsonaro recebeu apoio de parlamentares americanos. O deputado republicano Rich McCormick (Georgia) comentou que, junto com sua colega Maria Elvira Salazar (Flórida), enviaram uma carta a Trump sugerindo sanções contra o ministro do STF Alexandre de Moraes, através da Global Magnitsky Act, uma importante legislação que permite ao governo dos EUA agir contra violações de direitos humanos.
As palavras de McCormick ilustram a grave situação política no Brasil: "O fato de Eduardo Bolsonaro, o mais votado deputado federal na história do Brasil, ter que buscar abrigo nos EUA evidencia a alarmante deterioração da democracia no maior país da América do Sul." Esta articularão da extrema direita em nível global, impulsionada pela ascensão do trumpismo e a influência de Steve Bannon, sugere um novo e perigoso capítulo na política internacional, onde movimentos populistas e extremistas estão se unindo para solidificar sua presença mundial.