Nação

Bolsonaro Clama por Orações em Nome de Condenada por Vandalismo no STF

2025-03-23

Autor: João

Jair Bolsonaro (PL) fez um apelo a líderes espirituais no Brasil para que orem pelos detidos envolvidos nos atos antidemocráticos de 8 de janeiro de 2023. Em uma publicação no X, nesta última domingo (23/3), o ex-presidente mencionou Dêbora Rodrigues, que foi condenada a 14 anos de prisão na última sexta-feira (21/3) por seus atos de vandalismo, como símbolo de resistência contra o que ele chama de julgamentos injustos.

Dêbora tornou-se ícone para parlamentares e apoiadores de Bolsonaro, sendo usada na defesa da anistia para aqueles condenados por suas participações em manifestações consideradas golpistas. Nos dias que antecederam o julgamento da cabeleireira, que também é mãe de dois filhos, seu caso se tornou emblemático para os que exigem a liberdade dos manifestantes.

Bolsonaro pediu, em sua postagem, que "pastores, padres e líderes espirituais" levantem suas vozes em oração por Dêbora e pelos demais detidos. Ele destacou o sofrimento das famílias dos condenados, a quem chama de "presas políticas", enfatizando a dor emocional que elas estão enfrentando.

"Peço a todos que se unam em um clamor honesto diante de Deus e orem pela vida de Dêbora e de tantos outros que estão sendo injustamente tratados como criminosos. Não se esqueçam dos familiares que também sofrem, chorando pela ausência de seus entes queridos e carregando a dor em silêncio. Estejam com eles em oração e solidariedade," escreveu Bolsonaro.

Dêbora ganhou notoriedade após pichar a famosa estátua da "Justiça", esculpida por Alfredo Ceschiatti, localizada em frente ao Supremo Tribunal Federal (STF), na Praça dos Três Poderes. Usando batom, ela escreveu "perdeu, mané" na escultura, relembrando uma frase que o ministro Luís Roberto Barroso havia dito a um manifestante bolsonarista em Nova York após as eleições de 2022.

A cena de vandalismo foi utilizada pelo ministro Alexandre de Moraes na condenação de Dêbora, que resultou em uma pena de 12 anos e 6 meses de prisão, com a possibilidade de cumprimento em regime semiaberto ou aberto após 1 ano e 6 meses.

Enquanto o debate sobre anistia ganha força, os parlamentares de diferentes estados também se manifestam sobre a polêmica. Recentemente, a mobilização em torno de Dêbora fez com que as redes sociais fossem inundadas com questionamentos a respeito da severidade da sentença. Além disso, as jornalistas Gabriela Biló e Thaísa Oliveira, que cobriram o vandalismo no dia 8 de janeiro, registraram uma ocorrência policial após receberem ameaças, sendo até atacadas nas redes sociais por serem vistas como responsáveis pela veredicto contra Dêbora.

A situação de Dêbora Rodrigues levanta questões profundas sobre Justiça, liberdade de expressão e os limites da ação política, mostrando um racha crescente na sociedade brasileira, onde debates acalorados se desenrolam sobre o que é verdadeiro "ato político" e o que se classifica como crime.