Saúde

Brasil: Rumo ao Controle do HIV até 2030? Decida Agora!

2024-12-01

Autor: Julia

Com a aproximação de 2025, o mundo se encontra em uma encruzilhada crítica ao refletir sobre as chances reais de alcançar as metas do Programa Conjunto das Nações Unidas sobre HIV/Aids (Unaids), que visam o fim da epidemia de HIV/Aids até 2030.

De acordo com o plano estabelecido há mais de uma década, a mobilização global para expandir o acesso à prevenção, testagem, diagnóstico e tratamento do HIV deveria resultar na redução das novas infecções a níveis que permitissem considerar a epidemia como controlada.

Embora a taxa global de incidência de HIV tenha diminuído, a realidade é que esta redução foi insuficiente. O último relatório do Unaids revela que, em 2023, foram identificados mundialmente 1,3 milhões de novos casos de HIV, um número 39% menor que em 2010, mas ainda assim, mais que três vezes maior do que a meta de 370 mil casos para 2025.

Preocupantemente, enquanto a incidência do HIV está em queda globalmente, a América Latina assistiu a um aumento de quase 10% nos novos casos. Essa disparidade levanta questões sobre como e por que estamos falhando em avançar na luta contra esta epidemia.

Ao analisarmos este "fracasso", fica claro que não se trata da falta de tecnologia disponível para o controle da epidemia. Com inovações como PrEP (Profilaxia Pré-Exposição), PEP (Profilaxia Pós-Exposição), preservativos, testes rápidos e autotestes, todas as ferramentas necessárias para prevenir, diagnosticar e tratar infecções por HIV estão acessíveis.

Entretanto, a tecnologia sozinha não é suficiente. O que impede as populações vulneráveis de acessar essas novas ferramentas incluem barreiras sociais e humanas. O relatório do Unaids intitulado "Take the Rights Path" (Pegue o Caminho dos Direitos) ressalta a importância de garantir direitos individuais para combater efetivamente a epidemia.

A realidade brasileira é emblemática desse cenário. Em 2017, o Ministério da Saúde implementou a política de Prevenção Combinada ao HIV, integrando novas tecnologias de prevenção e destacando o uso da PrEP. Sete anos depois, vemos uma implementação desigual dessa política pelo país.

Regiões onde os gestores locais abraçaram a Prevenção Combinada estão observando uma queda significativa nos novos casos. Por exemplo, na região central de São Paulo, antiga epicentro da epidemia no Brasil, a queda de 74% nos novos casos nos últimos seis anos é um indicativo claro do sucesso que a política pode trazer. Em contrapartida, áreas que não seguiram este caminho ainda enfrentam aumentos preocupantes nos casos.

Atualmente, o Brasil possui tanto as tecnologias necessárias quanto uma política pública capaz de levar ao controle do HIV até 2030. No entanto, isso só se tornará realidade se decidirmos seguir o caminho que prioriza os direitos individuais, coloca fim às desigualdades e combate à discriminação, em vez de optar por um retrocesso conservador.

O tempo está se esgotando. A sociedade brasileira precisa decidir: qual será o nosso caminho nos próximos anos? Vamos escolher a luta pela prevenção e tratamento efetivo do HIV ou nos conformar com a estagnação e o aumento dos casos? É hora de agir!