Brasileiro é vitima de tráfico humano na Ásia: 'Quero ir embora ou morrer'
2024-12-16
Autor: Carolina
Luckas, um jovem brasileiro, ficou preso em uma cadeia de tráfico humano na Ásia enquanto tentava realizar seu sonho de viajar e trabalhar no exterior. Após uma viagem que parecia normal, ele se viu em uma situação desesperadora, onde enviou mensagens sobre sua angustiante realidade para um amigo que mora nas Filipinas.
Depois de atravessar fronteiras incertas, Luckas parou de se comunicar e enviou apenas um pedido de socorro intenso ao amigo: "Chama a polícia", e logo em seguida, pediu para que não fosse chamado apoio policial, temendo pela sua vida. Ele relatou ter ido parar em Kyaukhat, uma cidade de Mianmar, conhecida por suas condições precárias e por ser um ponto de alto tráfico de pessoas.
Em suas mensagens, Luckas descreveu uma rotina aterrorizante, de trabalho forçado por mais de 15 horas diárias, longe de sua família e submetido a punições físicas severas. Durante um mês, ele conseguiu enviar mensagens curtas e enigmáticas, temendo que cada palavra pudesse ser o seu último pedido de ajuda.
A mãe de Luckas, Cleide Viana, revela que a última vez que conseguiu se comunicar com ele foi angustiante. Com muito medo e sentindo a pressão do tempo, ela pediu ao filho que lhe falasse sobre sua situação, mas a resposta que recebeu foi um desespero profundo. “Ele me pediu para avisar a todos que estava em perigo”, recorda Cleide, com uma voz trêmula.
Relatos de brasileiros sendo traficados para trabalhar em atividades ilícitas têm se tornado cada vez mais frequentes. Um levantamento da ONU estima que cerca de 120 mil pessoas estão em situações análogas à escravidão em Mianmar, muitas das quais são recrutadas sob falsas promessas de emprego.
Luckas foi forçado a aplicar golpes em estrangeiros e foi testemunha de uma realidade ainda mais alarmante: a venda de mulheres. As mensagens que trocou com seu amigo revelam seu desespero e as duras condições a que foi submetido.
"Quero ir embora ou morrer", foi uma das mensagens deprimentes que Luckas enviou, e a impotência de sua família é palpável. O Ministério das Relações Exteriores do Brasil emitiu alertas sobre o aumento de casos de aliciamento de brasileiros. O Itamaraty afirmou que está acompanhando o caso de Luckas, mas muitos familiares relatam a dificuldade de obter assistência e informações.
Em uma tentativa de chamar a atenção para sua situação, a mãe de Luckas escreveu uma carta ao presidente Lula, pedindo por ajuda. A resposta que recebeu foi apenas protocolar, reforçando a angústia de quem já se sente deixado à mercê de um sistema que parece ser incapaz de protegê-los.
Este caso é um triste lembrete dos perigos do tráfico humano que afetam milhares de brasileiros e é essencial que haja mais atenção e ação para proteger aqueles que, em busca de um futuro melhor, acabam caindo nas garras de quadrilhas internacionais.