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Campos Neto Defende Autonomia do BC e Critica Decisões Populistas em Live de Despedida

2024-12-20

Autor: Gabriel

Nesta sexta-feira (20), o presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, realizou uma live em seu canal oficial no YouTube, onde destacou a importância da autonomia da instituição durante sua gestão para a estabilidade econômica do Brasil. Ele afirmou que essa independência da política monetária "evita a influência de decisões populistas", resultando em maior confiança entre investidores e produtores.

A autonomia do Banco Central foi implementada em 2021, mas raízes desse modelo foram plantadas quando Campos Neto assumiu em 2019. Ele elogiou reformas econômicas que ocorreram sob as administrações de Michel Temer e Jair Bolsonaro, destacando como essas medidas fortaleceram a instituição e pavimentaram o caminho para a autonomia.

Entretanto, a gestão de Campos Neto não foi isenta de controvérsias. Sua participação em um grupo de WhatsApp com ministros do governo Bolsonaro e certas posturas, como vestir uma camiseta da seleção brasileira durante a votação de 2022, levantaram questionamentos sobre sua neutralidade à frente do Banco Central.

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva, crítico ferrenho de Campos Neto, anteriormente contestou as políticas de juros adotadas pelo BC. Ele argumentou que tais decisões estariam “jogando contra a economia brasileira”, enfatizando que os altos níveis da Selic, atualmente em 12,25%, seriam um obstáculo ao crescimento econômico. O debate sobre a política monetária se intensificou, levando a uma discussão mais ampla sobre como as taxas de juros afetam o crédito e a atividade econômica.

Além disso, economistas alertam para os riscos que os aumentos sucessivos da Selic apresentam. Segundo Carla Beni, economista e professora da FGV, a persistência da inflação e medidas rigorosas dos juros têm efeitos adversos no acesso ao crédito, principalmente para pequenas e médias empresas. "A alta da taxa de juros pode, ao invés de resolver problemas econômicos, agravar a desaceleração e reduzir a atividade econômica nos próximos anos", disse Beni.

Assim, embora Campos Neto tenha defendido veementemente a autonomia do Banco Central como um pilar para a saúde financeira do Brasil, as próximas gestões enfrentarão a dura tarefa de equilibrar os desafios da política monetária sem sucumbir à pressão por decisões populistas.