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Cartunista se demite após Washington Post censurar sátira sobre Jeff Bezos

2025-01-04

Autor: Ana

A renomada cartunista Ann Telnaes, que trabalhava para o The Washington Post, anunciou sua demissão na última sexta-feira (3) após a recusa do jornal em publicar uma charge que satirizava Jeff Bezos, o fundador da Amazon e proprietário do próprio veículo.

No texto publicado em sua conta no Substack, Telnaes revelou que, em seus anos de carreira no Post, nunca enfrentou uma rejeição desse tipo por parte da direção do jornal. Segundo ela, "Sempre houve discussões sobre diferentes opiniões embutidas nos cartuns, mas jamais um desenho foi vetado devido à pessoa que eu decidi caricaturar. Isso é um grande ponto de virada!". A cartunista, que ganhou o Prêmio Pulitzer em 2001 por suas charges editoriais, chamou a decisão de "perigosa para a liberdade de imprensa".

Na charge controversa que foi censurada, além de Bezos, aparecem figuras como Mark Zuckerberg, fundador da Meta; Sam Altman, CEO da OpenAI; Patrick Soon-Shiong, proprietário do Los Angeles Times; e até mesmo o icônico Mickey Mouse, mascote da Disney que controla a ABC News.

Telnaes explicou que a ilustração criticava os bilionários da tecnologia e da mídia que buscavam agradar Trump e seus seguidores com suas ações. "Esses magnatas estão claramente tentando se aproximar do poder, e essa charge era uma forma de expor essa dinâmica", afirmou.

Vale lembrar que, durante a corrida eleitoral americana, o Washington Post se posicionou publicamente a favor da candidatura de Kamala Harris, mas Bezos interviu e decidiu que não haveria apoio declarado do jornal. Os movimentos de censura não se limitam ao Post; uma situação semelhante ocorreu no Los Angeles Times, onde Soon-Shiong decidiu evitar polarizações em meio à controvérsia eleitoral. Essa série de eventos levanta importantes questões sobre a liberdade de expressão na mídia e a influência dos financiadores nessa dinâmica. O que isso significa para o futuro do jornalismo? A pressão política sobre a mídia está crescendo? Os leitores merecem saber.