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“Cemitério de Impérios”: Descubra o Afeganistão, o País que Derrotou Superpotências

2024-12-05

Autor: Carolina

O Afeganistão, frequentemente visto através de lentes distorcidas devido à sua associação com a guerra ao Terror liderada pelos Estados Unidos, é um país rico em história e cultura. Enquanto a imagem prevalente do Afeganistão é maculada por extremismos como o Talibã e o Isis-K — este último, um dos braços mais perigosos do extremismo islâmico —, vale a pena explorar o apelido que o país ostenta: o “Cemitério de Impérios”.

Este nome emblemático reflete a capacidade histórica do povo afegão de resistir a invasões estrangeiras, fazendo do Afeganistão um lugar que se tornou uma verdadeira pedra no sapato de potências ao longo dos séculos.

A queda de Alexandre, o Grande

Voltando ao século IV a.C., Alexandre, o Grande, enfrentou ferozes batalhas contra os povos afegãos. Sua ambição de conquistar o Afeganistão e, depois, a Índia, começou a desmoronar diante da resistência local. As condições geográficas desafiadoras, juntamente com a determinação dos guerreiros afegãos, selaram o destino de seu império. Após a morte de Alexandre, a influência macedônia na região rapidamente se desintegrou.

Os Impérios Sassânida e Gupta também enfrentaram suas dificuldades, lutando para dominar as tribos afegãs, famosas por sua resistência e habilidades de guerrilha. O mesmo se aplica aos mongóis, que, mesmo sob a liderança de Genghis Khan no século XIII, não conseguiram manter o controle estável no Afeganistão — evidenciando a resiliência do povo afegão.

As Guerras Anglo-Afegãs e a Resistência Heroica

No século XIX, o Afeganistão se tornou um campo de batalha no chamado “Grande Jogo” entre o Império Britânico e a Imperatriz da Rússia. Os britânicos, ao tentarem estabelecer domínio sobre o país, enfrentaram três guerras anglo-afegãs. A primeira delas, em 1842, resultou em uma das maiores derrotas britânicas, com a quase totalidade do exército sendo destruído durante a retirada de Cabul.

Essa resistência trouxe um orgulho nacional e solidificou o papel do Afeganistão como símbolo de luta contra o imperialismo. Mesmo após essas guerras, o país conseguiu manter sua autonomia, reforçando sua identidade nacional.

A Luta Contra a União Soviética

Na década de 1980, o cenário se repetiu. A invasão soviética em 1979 desencadeou uma longa guerra, a qual drenou recursos e forças do exército da URSS. Os mujahidin, grupos guerrilheiros afegãos, receberam suporte dos Estados Unidos, e, em uma surpreendente virada dos acontecimentos, foram fundamentais para desmantelar o que restava da influência soviética no Afeganistão, contribuindo assim para a queda da União Soviética em 1991.

A Era Moderna e o Fim do Sonho de Ocupação

Após os ataques de 11 de setembro de 2001, os Estados Unidos invadiram o Afeganistão com promessas de liberdade e democracia. No entanto, após duas décadas de envolvimento militar, investimentos exorbitantes e perdas humanas, os EUA se retiraram em 2021, permitindo que o Talibã retomasse o controle do país. Essa retirada foi considerada por muitos como um eco das experiências de conquistas falhas do passado.

Com a retomada do poder pelos Talibãs, os questionamentos sobre o futuro do Afeganistão são inelutáveis. Seria o país destinado a perpetuar seu status como um “Cemitério de Impérios,” ou poderá finalmente encontrar um caminho sustentável para a paz e estabilidade? A história do Afeganistão continua a ser escrita, e seu povo, resiliente, permanece à espera de um futuro melhor.