Na última entrevista, o chanceler da Alemanha, Olaf Scholz, não poupou críticas às recentes declarações de Elon Musk, que foram consideradas por ele "erráticas" e preocupantes, especialmente em relação ao apoio do bilionário ao partido de extrema direita AfD (Alternativa para a Alemanha). Em suas palavras, Scholz destacou: "Na Alemanha, tudo ocorre de acordo com a vontade dos cidadãos e não com as opiniões de um bilionário americano". A declaração foi feita à revista Stern, pouco antes das eleições parlamentares antecipadas, programadas para 23 de fevereiro.

As trocas de ofensas entre Musk e líderes políticos alemães não são novas. O magnata da tecnologia chamou Scholz de "louco" e o presidente German Frank-Walter Steinmeier de "tirano". Scholz, por sua vez, caracterizou a simpatia de Musk pelo AfD como "muito mais problemático do que esses insultos", enfatizando a solidez da democracia na Alemanha.

A AfD, que tem sido uma crescente força política no país, ocupando o segundo lugar nas pesquisas com 19%, já admitiu, em entrevista ao jornal Der Spiegel, que tem mantido contato regular com a equipe de Musk. O bilionário tem planos de conversar com a líder da AfD, Alice Weidel, em um evento no X, que está agendado para 9 de janeiro. Essa aproximação de Musk com a extrema direita levanta questões sobre o impacto da influência americana nas eleições e na política europeia.

Scholz lembrou ainda de seu encontro com Musk em março de 2022, durante a inauguração da fábrica da Tesla em Brandemburgo, em um dia em que a AfD local fazia protestos contra a chegada da fabricante de veículos elétricos. A Alemanha se tornou um foco das atenções do bilionário, que busca expandir sua influência na Europa, especialmente entre movimentos mais conservadores.

Diante desse cenário, Scholz expressou que não pretende buscar validações ou favores de Musk: "Deixo isso para os outros", disse, reafirmando a necessidade de manter a política alemã autônoma e fundamentada nos interesses e decisões do povo. A situação levanta um debate mais amplo sobre a interação entre o mundo dos negócios e a política, especialmente quando figuras como Musk se posicionam em assuntos sensíveis que afetam a democracia e a estabilidade na Europa.