Esportes

Chefe da Copa do Mundo no Catar admite desafios: 'Identificamos problemas antes de todos'

2024-12-11

Autor: Pedro

A Arábia Saudita, que se prepara para sediar a Copa do Mundo de 2034, enfrenta sérios desafios sociais e econômicos. Entre as questões levantadas estão o sistema de trabalho Kafala, que pode levar a situações análogas à escravidão, e a discriminação ocasionada contra a população LGBTQIA+, visto que o país possui uma reputação conservadora em relação a esses tópicos. Além disso, a liberdade de expressão e de imprensa continua sendo severamente limitada pela repressão do governo a vozes dissidentes e ao debate público.

A entrevista com o chefe da candidatura, AlKassin, revela uma autocrítica do país, que considera seus problemas e as mudanças substanciais que vêm ocorrendo desde 2016, quando a Visão 2030 foi lançada como um plano estratégico para diversificar a economia e melhorar a imagem do reino.

"Nos últimos cinco anos, a Arábia Saudita recebeu mais de 100 eventos esportivos internacionais e o Mundial será uma oportunidade de mostrar ao mundo nossa evolução. Não queremos esperar até 2034 para que as pessoas venham e vejam a realidade por si mesmas", destaca o responsável.

Jeddah, uma das cidades-sede, tem se mostrado mais aberta aos turistas, um contraste significativo com a realidade de antes de 2019, quando o turismo era restrito. A Copa está sendo vista não apenas como um evento esportivo, mas como uma forma de reafirmar a capacidade do governo em cumprir suas promessas de progresso e inclusão na sociedade.

A motivação para sediar a Copa do Mundo também está ligada ao conceito de "sportswashing", uma estratégia de melhorar a imagem do país através do esporte. Contudo, para os sauditas, ela representa a confirmação de que a Visão 2030 está se concretizando. O país busca se afastar da dependência do petróleo e criar novas oportunidades econômicas em setores como turismo e inovação tecnológica.

Com um patrimônio cultural e natural riquíssimo, incluindo locais arqueológicos reconhecidos pela Unesco e destinos de turismo de aventura, a Arábia Saudita aposta que eventos como a Copa do Mundo ajudarão a atrair turistas e empresários de todo o mundo.

"Acredito que, assim como na Copa de 2010 na África do Sul, onde a imagem de um país perigoso foi transformada, a Arábia Saudita pode mudar a percepção das pessoas. Acreditamos que a Copa do Mundo irá quebrar muros e construir novas pontes", afirma AlKassin.

O evento contará com a construção de 15 estádios, o que gera questionamentos sobre a necessidade de tantas estruturas. AlKassin garante que com uma população jovem e apaixonada por futebol, há demanda para todos eles. No entanto, não se pode ignorar a realidade dos clubes locais, que ainda lutam para encher as arquibancadas em suas partidas.

Sobre a expectativa de realizar a Copa em diferentes épocas do ano, AlKassin revelou que o país está preparado para quaisquer condições climáticas, reafirmando a flexibilidade do território em receber o evento, independentemente do período escolhido.

A Copa do Mundo de 2034 promete não apenas ser um grande evento esportivo, mas um momento de transformação e de posicionamento da Arábia Saudita no cenário global. A questão que fica é: o país conseguirá realmente mostrar ao mundo uma nova face, superando seus desafios internos?