Chefe da UE Visita Uruguai para Impulsionar Acordo de Livre Comércio com Mercosul
2024-12-05
Autor: Matheus
A presidente da Comissão Europeia, Ursula Von der Leyen, chegou ao Uruguai nesta quinta-feira (5 de dezembro) durante a Cúpula de Líderes do Mercosul, alimentando as esperanças de que um acordo de livre comércio entre a União Europeia (UE) e o Mercosul finalmente seja assinado. ‘Pousamos na América Latina. A linha de chegada do acordo UE-Mercosul está à vista. Vamos trabalhar para atravessá-la. Temos a oportunidade de criar um mercado de 700 milhões de pessoas’, afirmou Von der Leyen em sua conta na rede social X.
O pacto é visto como a maior parceria comercial e de investimento que o mundo já testemunhou, com ambos os lados se beneficiando imensamente. No entanto, horas após a chegada de Von der Leyen, o governo francês reafirmou sua oposição ao acordo, com o presidente Emmanuel Macron declarando que o pacto ‘é inaceitável como está’. O governo francês continua a defender sua soberania agrícola, preocupando-se com a concorrência que os produtos do Mercosul, especialmente a carne, podem representar para a agricultura local.
A oposição de Macron é parte de uma estratégia deliberada para formar uma ‘minoria qualificada’ no Conselho da União Europeia, a qual poderia barrar o acordo mesmo que a Comissão Europeia o apoiasse. O presidente brasileiro Luiz Inácio Lula da Silva está liderando a fase final das negociações no Uruguai, onde a presidência do Mercosul está atualmente em suas mãos, antes de ser transferida à Argentina.
Nos bastidores, houve otimismo renovado por parte do governo brasileiro, com Lula expressando sua intenção de assinar o acordo ainda este ano. O principal negociador do Brasil, Maurício Lyrio, destacou a evolução positiva das tratativas, que já estão em sua fase final. A conclusão do acordo encerraria 25 anos de negociações, mas não sem desafios.
A expectativa já havia aumentado na Cúpula do Mercosul de 2023, realizada no Rio de Janeiro, mas na época o acordo não foi firmado, resultando em grande decepção. Durante o governo Bolsonaro, promessas semelhantes foram feitas sem resultados concretos. O contexto atual, porém, é diferente, com Lula demonstrando uma postura mais ativa e otimista em relação ao acordo.
Enquanto isso, a França mantém sua resistência, onde as vozes dos agricultores são poderosas. A pressão de grupos agrícolas, que temem um aumento da concorrência de produtos do Mercosul, tem direcionado a política interna de Macron. Além disso, o recente voto de desconfiança contra seu governo complicou ainda mais sua posição, já que precisa encontrar um novo primeiro-ministro que seja aprovado pelo Parlamento.
A oposição francesa pode ser um obstáculo significativo, já que, embora a França represente uma parte importante do bloco europeu, sozinha não pode bloquear o acordo. O foco se volta, então, para formar uma coalizão com outros países que também podem se opor ao acordo.
Agora, o cenário internacional pode ser afetado pela eleição de Donald Trump como presidente dos Estados Unidos, o que pode incentivar uma aliança entre América do Sul e Europa contra o protecionismo americano. As negociações, que tiveram início em 1999, se tornaram um grande ponto de discussão, prometendo transformar o comércio entre os dois blocos se finalmente forem concretizadas.
No entanto, com a resistência francesa e a necessidade de garantir apoio dentro da UE, o futuro do acordo ainda parece incerto. O que se segue é uma expectativa intensa sobre os desdobramentos dessa cúpula, onde os líderes discutem não apenas oportunidades comerciais, mas também as complexidades políticas que cercam este tão aguardado acordo.