Nação

Chefe de Governo da Guiana Francesa Exige Fim de Visto para Brasileiros

2024-10-12

Autor: Gabriel

Gabriel Serville, de 65 anos, o chefe do governo da Guiana Francesa, fez severas críticas à exigência de visto para brasileiros que desejam entrar em seu território. Em suas declarações, Serville afirmou: 'Eu luto pelo fim do visto, que não resolve nada em relação ao garimpo ilegal. Existem muitos brasileiros que não são garimpeiros'. Vale lembrar que, em contraste, brasileiros não necessitam de visto para visitar Paris.

Serville lidera a CTG (Coletividade Territorial da Guiana Francesa), que desempenha funções tanto executivas quanto legislativas em nível local. No entanto, suas atribuições são limitadas, uma vez que a Guiana Francesa é um departamento ultramarino da França e não uma federação como o Brasil.

Recentemente, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva e o presidente francês Emmanuel Macron assinaram acordos de cooperação com o intuito de combater o garimpo ilegal na região. Serville, no entanto, expressou ceticismo sobre a sinceridade de Macron, embora demonstre confiança em Lula.

Estima-se que cerca de 10.000 brasileiros estejam envolvidos em atividades na Guiana Francesa, com a maioria atravessando a maior fronteira da França, que se estende por 730 km. A falta de controle nas passagens é um dos fatores que contribui para a presença de garimpeiros brasileiros na área.

Em sua análise da situação, Serville também destacou outros problemas que afetam a Guiana Francesa, como leis que ele considera inadequadas para o desenvolvimento econômico da região. Ele questiona as restrições ao uso de agrotóxicos, que, segundo ele, levaram ao colapso da produção local de arroz. 'Agora, dependemos do Suriname, onde esses produtos são permitidos', comentou irritado.

Kruger também mencionou a dependência da Guiana Francesa em relação à importação de quase todos os produtos da França metropolitana e expressou o desejo de estabelecer relações comerciais mais fortes com os estados brasileiros do Amapá e Pará. Um exemplo de potencial inexplorado, segundo ele, é a produção de açaí, que tem uma demanda crescente globalmente. 'O Brasil não consegue atender a essa demanda sozinho', resumiu.

O acesso aéreo entre a Guiana Francesa e o Brasil é limitado a um único voo semanal de Caiena para Belém, que dura cerca de 1h30. Para Paris, no entanto, há voos diários disponíveis. A principal ligação por estrada com o Brasil se dá através de Macapá, com uma estrada que também enfrenta desafios de infraestrutura, como trechos não asfaltados.

Com uma população de cerca de 295 mil habitantes, estima-se que 30% dos residentes da Guiana Francesa tenham origem brasileira. Esse vínculo é reforçado por iniciativas como a DAAC Guyanne, fundada em 2005, que visa integrar a comunidade brasileira, uma parte importante da demografia local.

Enquanto isso, a situação dos indígenas na Guiana Francesa também é preocupante, com relatos de contaminação por mercúrio, o que intensifica o debate sobre a exploração mineral e seus impactos sociais e ambientais. Os desafios são numerosos e complexos, mas a luta pela dignidade e pelos direitos dos cidadãos e imigrantes continua.