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China Intensifica Presença Militar ao Redor de Taiwan, Sinalizando a Defesa da Ilha e Ameaçando os EUA

2024-12-13

Autor: Mariana

A crescente tensão na região do Pacífico se intensifica com a China realizando manobras militares significativas ao redor de Taiwan. Recentemente, aproximadamente 60 navios de guerra e quase 30 embarcações da guarda costeira, envolvendo milhares de militares, iniciaram exercícios que simulam ataques a embarcações estrangeiras e bloqueios de rotas marítimas, de acordo com informações de autoridades taiwanesas.

Essas manobras, que começaram na última terça-feira, não foram anunciadas oficialmente pelas forças de Pequim ou pela mídia estatal. O silêncio é interpretado como um sinal ao novo governo americano, na esperança de reafirmar a soberania chinesa sobre o Estreito de Taiwan e as águas adjacentes. James Char, especialista em Forças Armadas chinesas, observou que esse silêncio serve para demonstrar a determinação da China em ser a força dominante na região.

Taiwan sempre foi considerado pela China como parte de seu território, algo que nunca foi reconhecido pelo governo da ilha, que busca autonomia. O governo chinês, por sua vez, não hesita em afirmar que tomará Taiwan pela força, se necessário. Essa postura é reforçada pela oposição firme de Pequim a qualquer contato entre Taiwan e autoridades americanas.

Os Estados Unidos, tradicionalmente, adotam uma posição de ambiguidade estratégica em relação a Taiwan, mas sob a administração de Joe Biden, a promessa de auxílio em caso de conflito foi reiterada, apesar dos desmentidos de assessores que apontam para a manutenção da política americana antiga. Em recente entrevista, Donald Trump revelou que prefere que a China não invada Taiwan, embora tenha destacado sua boa relação com o presidente Xi Jinping.

Os exercícios desta semana ocorrem logo após a visita do presidente taiwanês, Lai Ching-te, a territórios americanos, como o Havaí e Guam, o que foi fortemente criticado pela China, evidenciando a deterioração das relações com a ilha. Sun Li-fang, porta-voz do Ministério da Defesa de Taiwan, destacou que as manobras representam uma ameaça significativa não apenas para Taiwan, mas para toda a região.

Fontes de segurança afirmam que a China começou a planejar esse aumento nas atividades militares em outubro, com a intenção de enviar uma mensagem clara antes da posse do próximo governo dos EUA. Também foram mencionados testes de capacidades militares que poderiam dominar a chamada cadeia da primeira ilha – uma área estratégica que se estende do Japão até Bornéu.

Em comparação, as manobras atuais são significativamente mais abrangentes do que a resposta militar que a China demonstrou em 2022, após a visita da então presidente da Câmara dos Deputados dos EUA, Nancy Pelosi, a Taiwan. Os exercícios recentes são classificados como os mais intensos até agora na área.

A China utiliza táticas de "zona cinza" para aumentar a pressão sobre outros países que contestam suas reivindicações territoriais. Segundo Ingrid d'Hooghe, especialista na temática, essas táticas são coercitivas e agressivas, mas não configuram uma guerra direta, complicando a defesa dos outros países sem provocar um aumento do conflito.

Em 2023, a China investiu cerca de 15 bilhões de dólares (aproximadamente 90 bilhões de reais) em exercícios no Pacífico Ocidental, representando 7% de seu orçamento de Defesa, priorizando atividades militares na região de Taiwan. Com o orçamento anual de defesa projetado para 2024 chegando a cerca de 1,67 trilhão de yuans (aproximadamente 1,38 trilhões de reais), fica claro que as atividades militares na região de Taiwan permanecem como prioridade nas despesas militares da China.