Negócios

Choque de Juros do BC: Dólar Ignora Alta e Desafios Persistem

2024-12-16

Autor: Julia

Em uma jogada esperada, o Banco Central do Brasil (BC) decidiu elevar a taxa Selic em um ponto percentual, projetando novas elevações na mesma magnitude nas duas próximas reuniões do Copom. Com essa medida, a taxa básica de juros chega a 14,25% ao ano, o patamar mais elevado desde a crise econômica que assombrou o governo Dilma Rousseff entre 2015 e 2016.

O objetivo por trás dessa medida agressiva é claro: valorizar o câmbio e conter a inflação. A intenção é inibir o consumo tanto de famílias quanto de empresas, mas as reações do mercado não têm mostrado a eficácia esperada. Mesmo após o anúncio, o dólar continua a se manter em patamares altos.

O cenário econômico atual, que inclui um pacote de cortes de gastos criticado por sua timidez, deixou o BC em uma posição desafiadora. A batalha no Congresso para sustentar as medidas fiscais necessárias se intensifica, e a falta de um posicionamento resoluto do ministro da Fazenda, Fernando Haddad, contribui para a incerteza do mercado.

O BC também anunciou leilões extraordinários para injetar bilhões no mercado de câmbio, tentando controlar a ascensão do dólar. No entanto, esses esforços estão sendo vistos com desconfiança, e os preços continuam estáveis, sem mudanças significativas. O máximo que o BC tem conseguido é suavizar um pouco a pressão sobre a moeda.

Além disso, a taxa neutra, que deveria equilibrar a inflação, é um ponto em questão. Enquanto a expectativa é de que ela fique entre 4,5% e 6%, a Selic a ultrapassa em larga escala, levando a um juro real que se aproxima de 10% ao ano, o que torna o crédito ainda menos acessível para os setores produtivos.

A ausência de um consenso mais firme entre governo e Congresso e a falta de uma postura firme em relação às fiscalizações esperadas, como um congelamento de despesas para o próximo ano, tornam a situação ainda mais complicada. O que se espera é uma coordenação eficiente entre as esferas do poder que permita não apenas uma ação reativa, mas uma estratégia de longo prazo que stabilize a economia.

Sem um verdadeiro choque fiscal e a coordenação necessária entre as principais autoridades, o BC pode acabar com a situação em que, mesmo despejando dólares no mercado, pode apenas resultar em ajustes mínimos na cotação da moeda.

A grande preocupação é que, com um juro real em torno de 10%, não haverá espaço para o crescimento sustentável dos setores produtivos do Brasil. Abaixo desse cenário, o futuro da economia continua repleto de incertezas e desafios.