Nação

Choque na Zona Norte: Polícia Desmantela Milícia que Extorquia Ambulantes em SP

2024-12-16

Autor: Gabriel

Operação Aurora desmantela esquema de extorsão em SP

Na manhã desta segunda-feira (16), a Polícia Militar de São Paulo, em conjunto com a Corregedoria das Polícias e o Ministério Público, realizou a Operação Aurora, desvendando um esquema de extorsão que vinha sendo perpetrado por uma milícia formada por policiais militares no Centro de São Paulo. Nove pessoas foram detidas, incluindo cinco policiais militares, enquanto outros dois, um policial militar e uma policial civil, estão foragidos. Durante as buscas, os investigadores apreenderam R$ 145 mil em uma das residências dos acusados.

Extorsão a comerciantes ambulantes

As investigações revelaram que a milícia vinha extorquindo comerciantes ambulantes, com vítimas principalmente imigrantes, há mais de um ano. Essas pessoas eram obrigadas a pagar entre R$ 200 e R$ 300 por semana, além de um valor anual apelidado de "luva", que somava impressionantes R$ 15 mil. O coronel Fábio Sérgio do Amaral, corregedor da Polícia Militar, destacou que o valor era variável, dependendo do local de venda e da situação do comerciante.

Violência e ameaças aos comerciantes

"Uma situação extremamente triste. A exploração de pessoas humildes e a prática de extorsão, violência e diversos tipos de abuso por policiais militares é absolutamente inaceitável", declarou o coronel Amaral. A situação se agravava para aqueles que não conseguiam reunir o dinheiro. As vítimas se viam obrigadas a recorrer a agiotas, que operavam em conluio com os policiais e cobravam juros exorbitantes de 20% ao ano. Um caso exemplar é o de um comerciante equatoriano, que, por não conseguir pagar a dívida, teve sua casa invadida, foi agredido e teve R$ 4 mil em dinheiro subtraídos por um dos policiais envolvidos.

Ameaças e intimidações

As violações da lei não paravam por aí: qualquer um que se recusasse a pagar era removido à força do seu ponto de venda. O cabo da Polícia Militar, José Renato Silva de Oliveira, utilizava a motocicleta, farda e arma da PM para intimidar suas vítimas, mostrando como a corrupção permeava até as camadas mais altas da segurança pública.

Início da investigação e denúncias

A investigação que culminou na Operação Aurora teve início em março, após quatro denúncias formais feitas por vítimas. Apesar do medo de retaliação que permeia a comunidade, o Ministério Público espera conseguir mais depoimentos. "Temos pelo menos quatro vítimas protegidas e o trabalho de apuração e identificação de mais vítimas continuará", disse Carlos Gaya, promotor de Justiça.

Histórico de extorsão no comércio ambulante

Infelizmente, este caso não é isolado. O comércio ambulante no Brás já enfrentou outras situações de extorsão. Em 2021, uma reportagem da TV Globo revelou que criminosos anunciavam a venda de espaços públicos nas redes sociais, com valores superiores aos de apartamentos em áreas nobres da cidade, mostrando um padrão contínuo de exploração nesse setor. Desde 1999, quando Afonso José da Silva, então presidente do sindicato dos camelôs independentes, denunciou a máfia dos fiscais, a situação só parece piorar. Os policiais envolvidos no esquema, à época, também enfrentaram a justiça, mas muitos relatos de abusos continuam a emergir.

A necessidade de reformas na segurança pública

Este caso evidencia a necessidade urgente de reformas na forma como a segurança pública opera nas grandes cidades do Brasil, além de um chamado à ação para que as autoridades responsabilizem os agentes corruptos e protejam os direitos dos trabalhadores ambulantes.