Cientistas e povos indígenas da Nova Zelândia fizeram uma descoberta fascinante ao realizar a primeira dissecação da baleia-dentes-de-espada (Mesoplodon traversii). Este tipo de baleia, uma das mais raras do mundo, foi encontrada morta nas praias neozelandesas em julho de 2023. A dissecação ocorreu em 2 de dezembro e revelou detalhes surpreendentes sobre sua anatomia e hábitos alimentares.

Além dessa, apenas seis outros exemplares da espécie foram avistados anteriormente, tornando cada nova descoberta ainda mais valiosa.

Durante o estudo, os cientistas notaram a presença de dentes vestigiais na mandíbulas superiores, vestígios de uma ancestralidade que remonta a épocas em que essas criaturas habitavam a terra. Eles também identificaram nada menos que nove câmaras estomacais, que levantam questões sobre como esses animais se alimentam e comunicam.

"Encontramos bicos de lula, lentes oculares de lula, vermes parasitas e outras partes de organismos marinhos cujas identidades ainda estão sendo investigadas por especialistas em parasitologia", explicou Anton van Helden, consultor sênior de ciências marinhas da Agência de Conservação da Nova Zelândia. A diversidade dos itens encontrados nos estômagos é um indicativo da complexidade da dieta dessas baleias.

Além das descobertas inusitadas, foram feitas medições e descrições detalhadas de vários músculos e órgãos, fundamentais para entender a biologia da espécie e compará-la com seus parentes mais próximos. Muito ainda é desconhecido sobre a vida das baleias-de-dentes-de-espada no oceano — onde vivem, por que nunca foram vistas na natureza, e como funcionam seus cérebros continuam sendo mistérios.

A colaboração entre cientistas e a comunidade indígena foi um aspecto inovador deste estudo. Rachel Wesley, representante dos Runanga, destacou a importância dessa parceria: "Foi a primeira vez que nossa hapu trabalhou com cientistas, unindo conhecimentos indígenas e ocidentais. Isso não só oferece uma compreensão mais profunda sobre a baleia, mas também fortalece nossos laços culturais e educacionais para as futuras gerações."

O sucesso deste estudo pode abrir portas para mais pesquisas sobre as funções ecológicas das baleias e a preservação da biodiversidade marinha.

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