Um estudo alarmante realizado pela Universidade Federal do Ceará (UFC) revelou a deterioração significativa de patrimônios históricos em Aracati, no estado do Ceará. A pesquisa, que se concentra na avaliação dos impactos do aquecimento global sobre a icônica Igreja do Nosso Senhor do Bonfim, aponta para um futuro preocupante não apenas para essa construção, mas para muitos outros patrimônios históricos espalhados pelo Brasil.

Aracati, localizada a apenas 147,1 km de Fortaleza, foi escolhida como a primeira localidade para as análises. Os pesquisadores, em colaboração com o Laboratório de Reabilitação e Durabilidade das Construções (LAREB) da UFC, identificaram que a chamada “ilha de calor” na região está causando estresse térmico nas edificações, acelerando assim a sua deterioração. Essa situação se agrava ainda mais considerando a previsão de aumento significativo na temperatura entre os anos de 2050 e 2100, que pode chegar a 41 graus Celsius.

O estudo também alerta sobre uma impressionante elevação de 400% nas movimentações térmicas na alvenaria da Igreja do Nosso Senhor do Bonfim, um aumento associado à intensificação das fissuras nas estruturas, não apenas desta igreja, mas de outros edifícios históricos do município.

Esequiel Mesquita, coordenador da pesquisa, declara que as construções de alvenaria são as mais vulneráveis às mudanças climáticas. A degradação de patrimônios históricos exigirá um esforço considerável em termos de manutenção, resultando em custos crescentes e reparos frequentes. Ele enfatiza que “isso não é sustentável de nenhum ponto de vista” e que intervenções urbanas são essenciais para mitigar os danos e melhorar a qualidade de vida nas cidades.

Primeiras medidas sugeridas incluem a implementação de áreas verdes, uso de revestimentos eficientes em termos térmicos, e a criação de estruturas que favoreçam a passagem do vento. Durante o estudo, foram identificadas variações de temperatura de até 3 graus Celsius em poucos metros dentro do município, o que levanta questões sobre como as cidades podem gerenciar suas temperaturas locais e impedir que algumas áreas se tornem drasticamente mais quentes.

A Igreja do Nosso Senhor do Bonfim, tombada pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan) em 2001 e com 250 anos de história em 2024, se destaca como um dos mais antigos e representativos patrimônios de Aracati. Novas etapas da pesquisa incluem análise de outros centros históricos em municípios cearenses, como Sobral e Viçosa do Ceará, além de investigações também previstas em cidades como Recife (PE), Ouro Preto (MG) e Rio de Janeiro (RJ).

Com a crescente ameaça das mudanças climáticas, a preservação de nosso patrimônio histórico se torna um desafio urgente. Seremos capazes de agir a tempo para proteger essas importantes construções e o legado cultural do Brasil? E você, o que pensa sobre isso? Deixe seu comentário abaixo!