
Correios enfrenta rombo de R$ 2,2 bilhões após a polêmica 'taxa das blusinhas'
2025-04-04
Autor: Carolina
Os Correios do Brasil divulgaram um alarmante prejuízo de R$ 2,16 bilhões em 2024, em grande parte consequência da chamada 'taxa das blusinhas', uma nova legislação criada pelo Ministério da Fazenda e aprovada pelo Congresso em junho do ano passado. Essa informação foi revelada em um estudo interno da estatal e confirmada pelo portal G1.
A taxa impactou diretamente a receita da empresa com o transporte de mercadorias importadas, especialmente aquelas compradas de plataformas chinesas. Inicialmente, os Correios esperavam arrecadar cerca de R$ 5,9 bilhões com esses serviços em 2024, mas os números reais mostraram que a arrecadação foi de apenas R$ 3,7 bilhões, resultando em uma perda colossal de R$ 2,2 bilhões — uma queda de 37% em relação à previsão original.
Mesmo uma segunda previsão, que já considerava os efeitos negativos da nova tributação e estimava um faturamento de R$ 4,9 bilhões, ainda ficou aquém do esperado, registrando R$ 1,7 bilhão a menos do que o projetado. Essa situação crítica exacerba os problemas financeiros enfrentados pela estatal.
O presidente dos Correios, Fabiano Silva, em evento da Frente Parlamentar Mista em Defesa dos Correios, expressou sua preocupação. "Tínhamos uma expectativa de receita que se mostrou frustrada e isso se traduz em prejuízo para a empresa", declarou. Fabiano também criticou a recente abertura do mercado de transporte de mercadorias internacionais para concorrentes privados, uma mudança que pode comprometer ainda mais a posição dos Correios nesse setor.
De acordo com o presidente, a participação dos Correios no mercado caiu de 98% para cerca de 30% desde a implementação das novas regras, o que acentuou a perda de arrecadação e market share.
Além disso, é importante destacar que, conforme reportado, os Correios estão buscando modificar a regulamentação atual sobre a tributação simplificada de remessas internacionais, com o objetivo de recuperar o domínio perdido nas entregas de encomendas do exterior.
A nova taxa, que tributa compras até US$ 50 em plataformas estrangeiras, reduziu drasticamente o volume de pedidos, afetando a principal fonte de receita da estatal.
Para complicar ainda mais a situação, no final de janeiro, o Ministério da Gestão e Inovação anunciou que os Correios estavam entre os principais responsáveis pelo aumento no déficit das estatais em 2024, com um rombo total de R$ 3,2 bilhões. Essa crise foi exacerbada pela diminuição de contratos, pela queda na receita e pelas limitações nos investimentos planejados.
Vale lembrar que, durante a administração do ex-presidente Jair Bolsonaro, os Correios foram incluídos no Plano Nacional de Desestatização, o que resultou em uma paralisação nas frentes de investimento e na reestruturação interna da empresa, impactando sua capacidade de competição e recuperação financeira.