
Cortes de verba no combate ao HIV podem levar a uma nova epidemia fatal, alerta estudo alarmante
2025-03-26
Autor: Pedro
Um estudo recente publicado na prestigiada revista The Lancet HIV acendeu um sinal de alerta sobre o futuro da luta contra o HIV/AIDS, enfatizando que cortes significativos no financiamento internacional podem colocar em risco décadas de progresso. Especialistas projetam que, caso essas reduções se concretizem, poderemos ver até 10,8 milhões de novas infecções e 2,9 milhões de mortes relacionadas à doença até 2030.
Os efeitos mais severos dessas mudanças serão sentidos especialmente em países de baixa e média renda, em particular na África Subsaariana. Programas vitais, financiados por iniciativas internacionais como o Plano de Emergência do Presidente dos EUA para o Alívio da AIDS (PEPFAR), são essenciais para garantir o acesso a tratamentos antirretrovirais, testagem e prevenção do HIV.
Esses programas oferecem serviços indispensáveis, que não apenas garantem o tratamento de pacientes, mas também fortalecem os sistemas de saúde locais, oferecem treinamento a profissionais e integram serviços de prevenção e tratamento de doenças como a tuberculose e o atendimento materno-infantil.
Uma parte significativa do financiamento para o combate ao HIV tem origem em doações internacionais. Desde 2015, esses doadores contribuíram com aproximadamente 40% de todo o orçamento destinado ao HIV em países de baixa e média renda. Entretanto, EUA, Reino Unido, França, Alemanha e Holanda, que juntos representam mais de 90% desse financiamento, anunciaram cortes que podem resultar em uma redução de até 24% até 2026.
Em uma declaração chocante, Winnie Byanyima, diretora executiva da UNAIDS, enfatizou que a suspensão do financiamento pelos EUA em janeiro de 2025 resultou no fechamento de várias clínicas e na demissão de milhares de profissionais de saúde. A consequência disso, segundo ela, será um aumento alarmante nas novas infecções.
“Essas medidas não só comprometem o acesso ao tratamento de mais de 30 milhões de pessoas em todo o mundo, mas também podem nos fazer retroceder às décadas de 1980 e 1990, quando milhões morriam anualmente de HIV”, alertou a Organização Mundial da Saúde (OMS).
Debra ten Brink, coautora do estudo, reforçou a urgência de garantir um financiamento sustentável para evitar o ressurgimento da epidemia. O estudo revela que, em cenários críticos, a interrupção do suporte financeiro poderia aumentar o número de novas infecções em até seis vezes entre grupos vulneráveis.
Os dados mostram que de 2010 a 2023, países com apoio do PEPFAR tiveram uma média de 8,3% de redução anual nas novas infecções e 10,3% nas mortes relacionadas ao HIV. Se esses avanços forem comprometidos, as projeções indicam que o mundo pode enfrentar uma escalada de infecções e mortes em níveis alarmantes.
Além disso, é importante destacar que mesmo que o financiamento seja restaurado após um período de interrupção, a normalização da situação pode levar várias décadas de novo investimento. Nick Scott, um dos autores do estudo, enfatiza que, embora o financiamento doméstico dos programas de HIV precise aumentar, isso requer um planejamento estratégico.
Os pesquisadores também apontam as incertezas relacionadas ao futuro do financiamento internacional, sugerindo que os resultados do estudo poderiam ser ainda mais pessimistas, principalmente nas regiões mais afetadas, onde a infraestrutura de saúde já apresenta fragilidades. No mundo, cerca de 39,9 milhões de pessoas vivem com o HIV, e apenas 7 conseguiram a cura, o que evidencia a urgência da questão.
A luta contra o HIV é uma batalha em andamento, e os desafios financeiros atuais podem representar um retrocesso sem precedentes em anos de progresso. A sociedade e os governos precisam agir rapidamente para evitar uma catástrofe no combate a essa epidemia!